A Caixa Geral de Depósitos ainda registou prejuízos consolidados no primeiro trimestre do ano de 8,9 milhões de euros. Este valor compara com 10,7 milhões de euros de perdas em igual período de 2014, resultados que excluem a atividade seguradora vendida no ano passado. Com a Fidelidade, a Caixa registou lucros de 22,4 milhões de euros no primeiro trimestre do ano passado.

O resultado trimestral comparável reflete uma melhoria de 17%, mas ainda não foi suficiente para trazer o banco do Estado de regresso aos lucros. A penalizar os resultados estiveram vários factores como o agravamento dos custos com pessoal, que resulta de um aumento dos encargos com fundo de complemento de pensões, o pagamento de juros ao Estado relativos aos instrumentos de capital contingente (CoCos), e também de um agravamento da carga fiscal.

“Os encargos com Impostos somaram no 1º trimestre 54,4 milhões de euros, para o que contribuiu o impacto do tratamento fiscal das provisões para crédito temporariamente não dedutíveis e a contribuição extraordinária sobre o setor bancário (7,5 milhões de euros), conduzindo a um resultado líquido consolidado negativo de 8,9 milhões de euros, que expressa face ao valor do 1º trimestre de 2014 uma melhoria de 1,9 milhões de euros”, adianta o banco público em comunicado.

Os resultados antes de impostos traduzem um crescimento de 47,6 milhões de euros, tendo-se fixado em 65,4 milhões de euros até março.

A evolução positiva dos resultados deve-se sobretudo ao fortalecimento dos lucros das operações internacional, à semelhança aliás da performance apresentada por outros bancos, que contribuíram com 22,3 milhões de euros. Este contributo só não foi mais expressivo por causa das perdas que a Caixa ainda está a assumir com as sucursais de Espanha e de Cayman, O BNU Macau foi o principal gerador de lucro, mas o maior foco de expansão foi Moçambique onde o BCI abriu no último ano cerca de 30 novos balcões.

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A expansão da atividade internacional, em particular em Angola e Moçambique, foi também responsável pela subida dos custos com pessoal de 7,6% no primeiro trimestre, face a igual período de 2014. Uma parte importante deste agravamento resulta do “decréscimo acentuado da taxa de desconto de responsabilidade com pensões”, o que reflete, por sua vez, a queda das taxas de remuneração de ativos como obrigações.

Já as provisões e imparidades recuaram 34,3% para 112,9 milhões de euros, reflectindo “uma melhoria gradual das condições de risco de crédito”. A única excepção foram as provisões e imparidades de outros ativos que não crédito, o que é explicado pela desvalorização do valor das participações em fundos de investimento sobretudo imobiliários. As comissões mantiveram-se estáveis nos 126,3 milhões de euros.

A atividade doméstica bancária ainda registou prejuízos da ordem dos 33 milhões de euros que comparam com perdas de 30 milhões em igual período de 2014, ressentindo-se do impacto da descida das taxas de juro na margem financeira. Os resultados em operações financeiras também caíram, o que é explicado sobretudo pela descida das taxas de juro das obrigações portuguesas.

 

O crédito a clientes continua a recuar, caiu 1,6% no primeiro trimestre, não obstante a concessão de novo de crédito a PME e à habitação. As novas operações de crédito à habitação cresceram 30% até março, mas o stock do crédito concedido continua em queda. Já os depósitos progrediram 5,2%.