O think tank Cidadania Social vai avaliar as propostas eleitorais dos partidos políticos na área social, disse à Lusa Margarida Corrêa de Aguiar, especialista em questões de Segurança Social e um dos elementos fundadores daquela associação cívica.

“O que pretendemos fazer é avaliação de medidas concretas e políticas concretas, no entanto, e face ao momento em que nos encontramos, vamos fazer uma análise comparativa das políticas sociais que serão propostas nos programas eleitorais”, explica a economista em entrevista à Lusa. Segundo a especialista, essa “análise comparativa terá um sentido crítico e traduzir-se-á em informação que permita esclarecer as pessoas em geral e avaliar o comprometimento, o benefício e os impactos que essas propostas possam ter a vários níveis”.

O ‘think tank’ Cidadania Social está a ser formalmente criado e tem como promotores, além de Margarida Corrêa de Aguiar (antiga secretária de Estado da Segurança Social no governo liderado por Durão Barroso), o economista Carlos Pereira da Silva (diretor do Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério da Segurança Social), Fernando Ribeiro Mendes (professor do ISEG, presidente do INATEL e antigo secretário de Estado da Segurança Social no governo de António Guterres), Jorge Bravo (professor da Universidade de Évora) e Mário Centeno (economista do Banco de Portugal e coordenador do grupo de trabalho que preparou o cenário macroeconómico do PS para os próximos quatro anos).

Entregue está também o lugar de presidente do conselho científico do Cidadania Social, lugar que será ocupado por Diogo Lucena, que durante 15 anos foi administrador da Fundação Gulbenkian.

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A decisão de avaliar as propostas eleitorais na área social surge num momento em que se debate a necessidade de reformar o sistema de Segurança Social.

“Olhando para o Programa de Estabilidade e para o documento que foi elaborado pelo grupo de economistas para o PS (…) está explícito, é assumido, que há problemas de insustentabilidade e que esses problemas são problemas que não estão num futuro longínquo, estão aqui à porta”, disse.

A análise que o Cidadania Social irá fazer das propostas eleitorais não se ficará, no entanto, apenas por uma avaliação crítica. “Essa análise poderá ser acompanhada e complementada de informação que permita compreender e perceber qual é o nosso ponto de partida e quais são as alternativas que se colocam. Porque há sempre alternativas, o problema é que qualquer alternativa tem um risco e são esses riscos que temos de avaliar”, explica Margarida Corrêa de Aguiar.

Segundo a mesma responsável, o “‘think tank’ vai fazer avaliação de políticas sociais e vai informar e formar cidadãos e instituições para que possam melhor compreender e participar naquilo que são aspetos essenciais para as suas vidas e decisões sobre matérias tão importantes como o emprego e a Segurança Social”.

Margarida Corrêa de Aguiar recusa qualquer colagem a alguma força política e garante que “os promotores são pessoas que vão agir de uma forma independente, estão distanciados das vidas partidárias e políticas, têm intervenções cívicas próprias e o facto de promoverem este ‘think tank’ não significa que não continuem a desenvolver os seus próprios percursos de intervenção cívica”. Ou seja, conclui a antiga secretária de Estado da Segurança Social, o Cidadania Social é “uma instituição totalmente apartidária e vai reunir outras pessoas e entidades que vão reforçar esse aspeto”.

Além da análise às propostas eleitorais, outro dos primeiros trabalhos do Cidadania Social será “desenvolver um programa de formação para jornalistas na área do emprego e da Segurança Social”.

Segundo esta responsável, “a área da formação é muito importante”, mas sendo muito difícil chegar a todos, o Cidadania Social vai tentar “encontrar colaborações e associações com outras entidades para que essa formação possa ir mais longe” e há “nichos que podem aproveitar esse conhecimento e essa formação de forma mais direta e um desses casos é o setor da comunicação social. É um contributo cívico que queremos dar e que acreditamos que terá procura”.