Tal como num terramoto, a investigação dos Estados Unidos à FIFA está a provocar réplicas um pouco por todos os quadrantes do mundo ligado ao futebol. Os patrocinadores da organização não são exceção. Visa, Coca-Cola, McDonald’s, Adidas, Hyundai e Budweiser: estas são algumas das marcas que, nas últimas horas, manifestaram desilusão, preocupação e irritação com o que se está a passar na FIFA, exigindo ao organismo liderado por Joseph Blatter que faça reformas urgentes.

“O nosso desapontamento e preocupação com a FIFA, à luz dos eventos de hoje, é profunda”, lê-se num comunicado lançado pela Visa esta quarta-feira. A empresa de cartões de crédito é patrocinadora da FIFA há já vários anos e pede àquela organização que “tome medidas imediatas” para acabar com a corrupção no seu interior.

“O nosso patrocínio sempre se focou no apoio às equipas, em proporcionar grandes experiências aos adeptos e em inspirar as comunidades para se unirem e celebrarem o espírito de competição e de realização pessoal – e é importante que a FIFA faça mudanças agora, para que o foco se mantenha nisso. Se a FIFA falhar em mudar, já informámos que vamos reavaliar o nosso patrocínio“, escreve a empresa.

Num tom menos radical mas também duro, a Hyundai mostrou-se “extremamente preocupada” e a Coca-Cola afirma que já falou das consequências dos casos de corrupção à FIFA, aparentemente sem resultados. “Esta longa controvérsia manchou a missão e os ideais do Mundial e já manifestámos repetidamente as nossas preocupações sobre estas alegações sérias”, escreveu a marca de bebidas em comunicado.

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A Budweiser, que já várias vezes se mostrou preocupada com as violações de direitos humanos na construção de estádios no Qatar, emitiu igualmente um comunicado, de apenas uma linha: “Esperamos dos nossos parceiros que mantenham altos padrões éticos e que trabalhem com transparência”.

As pressões dos patrocinadores surgem ao mesmo tempo que a cabeça de Joseph Blatter enquanto presidente da FIFA é pedida por muitas pessoas, como Maradona e o presidente da federação inglesa de futebol. Blatter, que desde terça-feira não aparece em público e cancelou já três comparências em eventos onde era esperado, candidatou-se a um quinto mandato à frente do organismo. A eleição mantém-se prevista para sexta-feira.

O jornalista Andrew Jennings, que há anos investiga a corrupção na FIFA e as ligações entre o futebol, a política e os negócios, avisou esta quinta-feira que a história ainda não acabou. “Dei ao FBI documentos cruciais que levaram às detenções de ontem [quarta]. Vêm aí mais. Blatter é um alvo”, escreveu no Twitter.