O processo de venda do Novo Banco transformou-se num duelo entre dois grupos chineses, a Fosun e a Anbang, que ganharam vantagem face ao Santander Totta e aos dois fundos norte-americanos. A análise é do Financial Times, que falou nos últimos dias com várias fontes do setor bancário português e chegou à conclusão de que os dois grupos chineses seguem na dianteira por duas razões principais: “têm a capacidade financeira para fazer ofertas melhores” e são os que têm “maior interesse em desenvolver o banco“.

Segundo o diário financeiro britânico, a concorrência entre os dois grupos chineses poderá fazer com que o Novo Banco seja vendido por mais de quatro mil milhões de euros, um valor que, a confirmar-se, superaria o empréstimo feito pelo Estado ao Fundo de Resolução e poderia aproximar-se do montante total que foi injetado no Novo Banco: 4,9 mil milhões de euros. Também esta manhã, o Diário Económico diz que, a existir uma diferença entre este valor de 4,9 mil milhões de euros e o preço de venda, os bancos estão confiantes de que terão 20 anos para compensar essa perda do Fundo de Resolução.

O Financial Times escreve que o clima na banca nacional é de “alívio generalizado“, já que os administradores do banco acreditam que a venda do Novo Banco poderá ser feita a um valor próximo dos 4,9 mil milhões injetados pelo Fundo de Resolução (financiado pelos bancos do sistema), algo que “muitos achavam, há poucos meses, que seria impossível”.

O vencedor da corrida será, portanto, “o grupo chinês que pagar mais”, escreve o Financial Times. A Fosun comprou a seguradora Fidelidade ao Grupo Caixa Geral de Depósitos e a Anbang ficou conhecida por ter comprado o Waldorf Astoria, o hotel no coração de Nova Iorque. Pode ler mais sobre o perfil dos interessados neste trabalho que o Observador preparou em abril, altura em que os mercados já antecipavam os chineses como favoritos.

Para trás deverão, assim, ficar os dois fundos norte-americanos – o Apollo Global Management e o Cerberus Capital Management –, bem como o Santander Totta. No início de maio, por ocasião da apresentação de resultados trimestrais, António Vieira Monteiro, o presidente do banco, disse que “não ficará preocupado se amanhã for excluído” da corrida pelo Novo Banco. Recusando, ainda assim, reconhecer publicamente que o interesse tenha esmorecido, o banco – que se acredita ter feito a oferta mais baixa pelo Novo Banco – diz que “haverá outras oportunidades”.

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