Os governadores do Banco Central Europeu (BCE) reúnem-se hoje e analistas contactados pela agência Lusa dizem que não são esperadas alterações em termos de política monetária.

Os analistas antecipam por isso a manutenção das taxas de juro nos níveis atuais (0,05%) e a continuação do programa de compra de dívida pública (‘Quantitative Easing’).

No entanto, a expectativa recai sobre as declarações que o presidente do BCE, Mario Draghi, fará durante a conferência de imprensa, nomeadamente no que diz respeito às perspetivas de crescimento económico e de evolução da inflação na zona euro, bem como sobre a evolução na Grécia.

“O BCE deverá referir que existem alguns sinais de aceleração da economia desde o final do ano passado, sendo que, ao nível da inflação, denota-se também uma tendência de aceleração e um aumento das expectativas de inflação”, antecipou à Lusa José Miguel Moreira, economista do Departamento de Estudos do Montepio.

Por sua vez, o presidente do IMF — Informação de Mercados Financeiros, Filipe Garcia, pretende saber “até que ponto o BCE está ou não confortável com a subida dos yields [taxas de juro]”, uma vez que “os rendimentos das obrigações estão, em alguns casos como os de Portugal, acima dos níveis que se registavam antes do anúncio das compras de ativos por parte do BCE”.

Filipe Garcia antecipa que Mario Draghi faça uma análise da situação na Grécia, mas não espera “comentários muito elaborados, para que o BCE não seja acusado de dificultar as negociações”.

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“Em todo o caso, a dois dias do pagamento que a Grécia tem de fazer ao FMI, seria um bom momento para fazer passar alguma mensagem”, defende.

Na semana passada, o limite da linha de liquidez aos bancos gregos foi mantido inalterado pela primeira vez desde fevereiro, em 80.200 milhões de euros, depois de um aumento de 200 milhões de euros na semana anterior.

“Draghi deverá na próxima reunião continuar a colocar nas mãos dos políticos e, em particular, do Governo de Alexis Tsipras, o futuro do país e o voltar a aceitar a dívida pública grega como garantia nos seus empréstimos regulares aos bancos. Draghi tem defendido que bastará uma implementação rápida do acordo com o Eurogrupo, o qual conduzirá à conclusão com sucesso da última revisão da ‘troika’, acrescentando que o BCE é o primeiro a querer retomar os empréstimos à economia grega”, salienta o analista do Montepio, acrescentando que “esta é também a condição necessária para que a dívida grega possa ser englobada no ‘quantitative easing’ em curso”.