A minoria yazidi no Iraque tem sido um dos grupos que mais sofre com as ações do autoproclamado Estado Islâmico – os homens são mortos e as mulheres são vendidas como escravas sexuais. Suzan foi uma das vítimas. Separada da mãe e irmã, espancada e violada, conseguiu escapar e agora conta aquilo por que passou.

“Colocavam-nos nuas, em linha, a cada manhã, aproximavam-se de nós, cheiravam-nos… De seguida escolhiam a que mais lhes agradava nesse dia. Depois era a vez dos guarda, eram horríveis… Espancavam-me e violavam-me, às vezes dois de cada vez. No final fiquei feliz por ter sida comprada por Al Russiyah (‘o russo’, um combatente checheno) em vez de me continuarem a agredir. Apesar de ter sido como escolher entre morrer e morrer…”, disse a jovem yazidi de 17 anos citada pelo jornal El Confidencial.

Primeiro viu a família sequestrada, depois ela e a irmã de 10 anos foram separadas da mãe que nunca mais viu, mais tarde foi também separada da irmã. As meninas e jovens raptadas eram alinhadas numa sala e a virgindade verificada por uma mulher vestida com um niqab (véu usado por algumas mulheres muçulmanas) de cor preta que lhe tapava até os olhos. Quem passava no teste era a primeira a ser leiloada.

Suzan teve sorte e foi vendida. Mas o que pensou ser o menos mau do pior terror, foi ainda mais assustador. A temporada com o combatente checheno acabou por se revelar a pior da vida de Suzan.

“Os seus guardas violavam-me pelo menos cinco vezes ao dia, obrigavam-me a recitar os versos do Alcorão enquanto o faziam. Se não lhes obedecia, espancavam-me. Uma vez queimaram-me as coxas com água a ferver porque me neguei a dizer as rezas. Nunca mais me atrevi a contrariá-los.”

Mas foi nesse período que conseguiu escapar. Os sequestradores morreram num confronto contra o exército curdo e as meninas reféns fugiram. “Caminhei durante três dias até que cheguei às montanhas, onde encontrei os soldados curdos que me ajudaram”, conta a jovem.

Agora está sob os cuidados das organizações humanitárias num campo de refugiados, mas só deseja morrer. Perdeu toda a família e a dignidade – os yazidis do Iraque não permitem que as mulheres mantenham relações com pessoas fora da comunidade. Suzan está grávida de três meses de um dos violadores e teve de fugir do próprio tio que a ameaçou que a matava caso provasse que ela tinha mantido relações sexuais com elementos do Estado Islâmico.

Suzan aceitou trazer a sua história a público, mas as organizações humanitárias conhecem outras histórias equivalentes, incluindo o suicídio de meninas para não serem vendidas e violadas pelos terroristas do Estado Islâmico ou com o receio de, caso isso acontecesse, serem repudiadas pela comunidade.

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