Com as negociações entre o Governo helénico e credores ainda (muito) longe de estarem concluídas, o “dossier Grécia” acabou por dominar a reunião do Grupo dos Sete (G7). De Angela Merkel ao primeiro-ministro italiano Matteo Renzi, passando pelo líder norte-americano Barack Obama, todos deixaram avisos à navegação grega: o tempo está a esgotar-se e é preciso concluir as negociações.

A Chanceler alemã foi quem definiu o tom. Em declarações aos jornalistas à margem da reunião do G7, que teve lugar em Schloss Elmau, na Baviera, Angela Merkel expressou o desejo de ver a Grécia na Moeda Única, mas voltou a pedir ao Governo de Alexis Tsipras que ponha em prática um programa de reformas económicas que satisfaça os credores, escreve a Bloomberg.

Ainda assim, e em jeito de aviso, a Chanceler alemã acabou por lembrar que “não resta muito tempo” à Grécia para satisfazer algumas exigências dos credores. “Agora, todos os dias contam”, afirmou Merkel no final da reunião.

Barack Obama acabou por afinar pelo mesmo diapasão. “A Grécia tem de ser séria [e comprometer-se] a fazer reformas importantes, não só para satisfazer os credores, mas, mais importante ainda, para criar uma plataforma onde a economia grega possa crescer novamente e prosperar”, começou por dizer o Presidente norte-americano na conferência de imprensa que marcou o fim do econtro do G7.

Apesar das reservas, o norte-americano acabou por revelar-se confiante em relação a um eventual desfecho positivo das negociações, desde que “ambas as partes” demonstrem alguma “flexibilidade” e estejam preparadas preparadas para tomar “decisões duras”.

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Quem acabou por ser mais duro foi Matteo Renzi. O primeiro-ministro italiano deixou bem claro que era “impensável” que fossem os italianos a ajudar a Grécia a manter e a sustentar um sistema de pensões mais generoso do que o italiano.

As declarações de Merkel, Obama e Renzi surgem depois de Gabriel Sakellaridis, porta-voz do Governo grego, ter revelado esta manhã que uma eventual extensão do atual programa de ajuda à Grécia não é uma opção. “Não é o que a economia [grega] precisa”, explicou Sakellaridis.

Mas as negociações entre gregos e credores continuam muito difíceis. Uma delegação do Governo helénico está neste momento em Bruxelas para tentar dar um novo fôlego às negociações, com a reestruturação da dívida como cláusula inegociável. Sakellaridis confirmou que já foram submetidas propostas aos credores sobre este assunto e, ainda, que o ponto de partida para as negociações “é definitivamente” a proposta de Atenas, não a que saiu dos credores.

Enquanto isso, em Bruxelas, o porta-voz da Comissão confirmou ainda não ter recebido uma contra-proposta de Atenas. “Estamos no mesmo ponto em que estávamos ontem às 11h00″ – quando Jean-Claude Juncker fez praticamente um ultimato a Tsipras. Admitindo que Juncker e Tsipras se encontrem ainda esta semana, na cimeira UE-América Latina (dia 10 e 11, em Bruxelas), Margaritis Schinas vincou o que já tinha dito o líder da Comissão Europeia: “Gostaria de ter a proposta grega, para a estudar e olhar para ela antes de falarmos”.