Quando um restaurante exibe, sem vergonha, uma imponente montra de carne bem recheada logo à entrada, o cliente, se ainda não souber ao que vai, fica, pelo menos, com uma boa ideia. É precisamente isso que acontece no novíssimo Sala de Corte, no Cais do Sodré.

Esta casa de bifes, a última aventura do grupo Multifoods (Vitaminas, Honorato, Delidelux e Cais da Pedra) na restauração lisboeta, não oculta a sua identidade. Pelo contrário, orgulha-se dela. Isso é visível não só na supracitada montra, como na cozinha aberta aos clientes, com as grelhas sempre em alta rotação, na casa de banho, que se assemelha a uma câmara de frio, e até na cor dominante no espaço, a que chamam sangue-de-boi. Trata-se, portanto, de uma steakhouse a sério, como não há muitas por estas paragens. No que respeita à matéria-prima e respetivo tratamento a Sala de Corte tem três argumentos a reter:

A carne

Ao contrário do que seria de esperar, não há aqui lugar a carnes maturadas, pelo menos para já. E a origem não é nacional, antes irlandesa — “por uma questão de capacidade de resposta dos fornecedores” — referem os responsáveis. Patriotismos à parte, não se perderá nada por aí, antes pelo contrário. Há seis cortes principais disponíveis: vazia (13,5€), picanha (11,5€), entrecôte (14,5€), lombo (19€), chateaubriand (29€) e chuletón (32€). Os quatro primeiros são apresentados em doses de 200 gramas e os dois últimos elevam a fasquia: 300 gramas para o chateaubriand e 750 para o chuletón. Há sete molhos e mais sete acompanhamentos para escolher, das costumeiras batatas fritas aos legumes grelhados com azeite e tomilho, passando pela dauphinoise de batata-doce ou o puré trufado. Concluindo: abundam as combinações possíveis.

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O grelhador

Desengane-se quem pensar que a confeção da carne não envolve ciência. Porque envolve. E alguma tecnologia também. Primeiro, a carne vai ao Josper, um híbrido forno-grelhador de origem espanhola, que apesar de atingir temperaturas muito elevadas, dignas de forno, funciona, ao mesmo tempo, com carvão 100% vegetal, oferecendo à carne a textura e o sabor que normalmente daí deriva. Mal atinge o ponto, o bife não é imediatamente servido — vai descansar durante três a quatro minutos noutro aparelho, o hold-o-mat, para que as fibras da carne relaxem e possam reabsorver os respetivos sucos.

O chef

Chama-se Luís Gaspar e, apesar da juventude (apenas 24 anos), tem alguma experiência na matéria, adquirida, sobretudo, a trabalhar de perto com o chef Henrique Sá Pessoa no restaurante Cais da Pedra e no seu espaço homónimo no Mercado da Ribeira. Além disso, não trabalha sozinho, como, aliás, se poderá verificar a partir da sala: o rebuliço — no melhor sentido do termo — na área de serviço é bem visível de qualquer ponto do restaurante.

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Apesar desse mesmo rebuliço, o restaurante tem apenas 28 lugares, uma dezena deles ao balcão. A clássica combinação croquete, prego e cerveja, tão habitual noutras casas do género, pode aqui perfeitamente ser replicada: há croquetes de rabo de boi (4,80€ – três unidades), pregos de picanha (8€), vazia (9€), entrecôte (12€) ou lombo (14€) e cerveja que pode ser industrial ou artesanal, com três variedades da escocesa Brewdog: Black Ale (6,95€), Jack Hammer (6,95€) 6,95 ou Hardcore IPA (8,15€). Ainda no campeonato dos bebes, há uma aposta forte no peruano Pisco Sour (11€) como cocktail de boas-vindas. Já a carta de vinhos está a cargo de Rodolfo Tristão, presidente dos Escanções de Portugal, e destaca-se por uma organização original, baseada nas características — jovens e frutados, encorpados ou complexos, no caso dos tintos — em vez das regiões. “Também estamos a apostar em brancos com estrutura suficiente para aguentar a carne”, refere o sommelier. Ao todo, há cerca de 80 referências, 10 delas disponíveis a copo.

Destaque ainda para alguns detalhes que não têm tanto a ver com a carne per se mas que podem enriquecer a refeição, como a burrata ou o presunto de bellota 5J, à entrada, ou o falso crumble de caramelo, chocolate e amendoim com gelado de baunilha artesanal e a pavlova à saída. De frutos vermelhos, claro. Como a carne.

Nome: Sala de Corte
Morada: Rua da Ribeira Nova, 28 (Cais do Sodré), Lisboa
Telefone: 21 346 0030
Email: saladecorte@saladecorte.pt
Horário: De segunda a sexta, das 12h00 às 15h00 e das 19h00 à 00h00. Sábado e domingo das 12h00 à 00h00
Preço Médio: 25€
Reservas: Não aceitam