As autoridades judiciais alemãs decidiram encerrar a investigação sobre as alegadas escutas ao telemóvel da chanceler alemã, Angela Merkel, pela Agência de Segurança Nacional norte-americana (NSA).

“O Ministério Público Federal encerrou a investigação sobre a suspeita de espionagem de um telemóvel usado pela chanceler pelos serviços de informações norte-americanos (…) porque as acusações não podem ser provadas legalmente no âmbito do Direito Penal”, indicou o Ministério Público de Karlsruhe (sudoeste), num comunicado hoje divulgado.

As relações entre Berlim e Washington (aliados tradicionais pós-guerra) ficaram tensas depois de o antigo consultor informático norte-americano Edward Snowden ter divulgado documentos que revelavam as escutas realizadas pela NSA a líderes estrangeiros, mas também a monitorização das comunicações telefónicas e na Internet dos cidadãos comuns, incluindo na Alemanha.

Em outubro de 2013, informações divulgadas pela comunicação social davam conta que um dos alvos da NSA tinha sido o telemóvel da chanceler alemã.

Esta acusação embaraçou a administração norte-americana e Merkel reagiu energicamente, afirmando que “espionagem entre amigos era inaceitável”.

No comunicado hoje divulgado, o Ministério Público Federal alemão indicou que os comentários das autoridades norte-americanas sobre este caso não constituem prova sobre a alegada atividade de espionagem.

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“As vagas declarações feitas por líderes dos Estados Unidos sobre a possível monitorização das comunicações móveis da chanceler por um serviço de informações norte-americano não são suficientes para uma descrição das atividades”, indicou a mesma nota informativa.

Questionado hoje sobre este assunto durante o encontro regular com a comunicação social, o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, escusou-se a comentar a decisão judicial.

“Isto não é só sobre o telemóvel ou as comunicações [de Merkel], diz respeito a todos os cidadãos”, afirmou, no entanto, Steffen Seibert.

“Trata-se de saber se o direito alemão é respeitado pelos nossos parceiros. Isso inclui as diferenças de opinião que temos com os nossos parceiros sobre o equilíbrio que deve ser mantido entre a necessidade de segurança e a proteção de dados pessoais”, acrescentou o porta-voz.