Com a saída do Estado português no capital da TAP, na sequência da privatização da companhia aérea, entra, afinal, o Estado brasileiro. Segundo avança o Jornal de Notícias na edição desta segunda-feira, na proposta do consórcio vencedor (de David Neeleman e Humberto Pedrosa) o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), banco estatal brasileiro, é apresentado como um dos parceiros e futuros acionistas da TAP.

De acordo com o mesmo jornal, que teve acesso ao conteúdo da proposta vencedora, o BNDES, que é descrito como “um dos bancos mais importantes do Brasil” e a “principal fonte de capital para o crescimento do Brasil em indústrias estrategicamente importantes”, ainda não é membro formal do agrupamento que vai ficar com 61% da TAP, mas o consórcio Gateway está “confiante” de que isso aconteça “dentro de semanas”.

“A importância do Brasil para a TAP e da TAP para o Brasil levou-nos a estabelecer uma parceria com um dos bancos mais importantes do Brasil (…) Esta relação também permite um acesso sem precedentes ao Governo brasileiro e estamos extremamente satisfeitos com o elevado nível de apoio, incentivo e orientação que estamos a receber ao mais alto nível do Estado brasileiro”, lê-se na proposta do consórcio Gateway.

Na proposta lê-se também que uma das intenções do agrupamento vencedor é manter “todos os trabalhadores, desde o elemento mais recente do pessoal de cabine até ao presidente do Conselho de Administração”. Ou seja, o brasileiro Fernando Pinto, deverá ser reconduzido no cargo após a venda.

Outra novidade está numa das operações que o agrupamento liderado por David Neeleman se propõe a fazer: vender aviões da TAP para depois os alugar. O objetivo, lê-se na proposta segundo o JN, é com isso injetar “cem milhões de euros ou possivelmente mais” nos 90 dias posteriores à privatização. A venda de aviões é, pois, uma das medidas que consta do conjunto de propostas e intenções do consórcio Gateway, que promete, além de uma injeção de capital na ordem dos 337,5 milhões de euros, também a capitalização da empresa através da venda de ativos atuais ou de fontes de financiamento já ao dispor da companhia aérea.

No campo dos números, a proposta de Neeleman prevê alcançar lucros operacionais de 2,3 mil milhões de euros ao longo dos próximos cinco anos. “Perto de 2020, o agrupamento Gateway acredita que terá uma perspetiva realista de poder lançar a TAP a Euronext – Bolsa de Lisboa, permitindo uma verdadeira dispersão pública do capital de um dos maiores ativos portugueses”, lê-se ainda.

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