A Quercus alertou esta terça-feira para a falta de tratamento das lâmpadas já sem uso, muitas contendo mercúrio, que é tóxico, e defende a criação de metas de recolha por categoria de resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos.

“Em 2014, cerca de 70% das lâmpadas continuaram sem recolha”, denuncia a associação de defesa do ambiente, salientando ser “imprescindível a criação de metas por categoria” já que a “credibilidade da gestão de REEE [resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos] [está] em causa”.

No ano anterior, dizem os ambientalistas, “cerca de 90% as lâmpadas fluorescentes, resíduos perigosos contendo mercúrio (altamente tóxico), colocadas no mercado não foram recolhidas para tratamento”.

Segundo a Associação Nacional Registo de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos (ANREEE), em 2014, foram colocadas no mercado 1.082 toneladas de lâmpadas, “mas, as entidades gestoras Amb3E e ERP Portugal só recolheram e enviaram para reciclagem e tratamento 355 toneladas”, explica a associação.

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Para a Quercus, a melhoria registada entre 2013 e 2014 “é ilusória” pois naquele período também houve uma “redução significativa (cerca de 20%) de lâmpadas colocadas no mercado”. Em 2013, foram colocadas no mercado 1.571 toneladas, portanto “a percentagem de recolha sobe sem que necessariamente tenha existido um aumento significativo das quantidades recolhidas”.

A Quercus propôs à Secretaria de Estado do Ambiente e à Agência Portuguesa do Ambiente “uma solução para este problema, e que já está em prática noutros países, que é a criação de metas de recolha por categoria de REEE” e volta a apelar para que seja incluída a alteração nas licenças das duas entidades gestoras e no futuro Centro de Coordenação e Registo.

Os ambientalistas consideram que esta é “uma oportunidade única para criar outro paradigma para a gestão de REEE, pois existe uma nova diretiva comunitária, novas licenças para as entidades gestoras, uma nova entidade de registo e, pela primeira vez, vai passar a existir uma Câmara de Compensação”.

“As lâmpadas têm elevados custos de tratamento levando a que as entidades gestoras, Amb3E e ERP Portugal, que ao longo de mais de 10 anos detêm licenças para a gestão dos REEE, tenham pouco interesse na recolha deste tipo de resíduos”, defendeu a associação.

Esse desinteresse, salientou, “não tem qualquer legitimidade legal, económica (pois, também foram pagos os respetivos ecovalores por parte do cidadão/consumidor) e muito menos ambiental e de saúde pública” já que se trata de um resíduo quase 100% reciclável, mas com elevado potencial poluente quando deixado sem tratamento adequado.