Um grupo de investigadores conseguiu eliminar a depressão em ratos de laboratório, após os confrontar com memórias associadas a eventos positivos do passado. A memória positiva para os ratos era um antigo encontro com fémeas. A descoberta abre portas para novas formas de poder combater os comportamentos depressivos em seres humanos.
Para induzir um comportamento depressivo, os cientistas expuseram os ratos a condições de stress durante dez dias. Foi então que reativaram as memórias positivas, impondo-as aos ratos durante cinco dias. Ao sexto, descobriram que elas suprimiam esse comportamento. Além disso, os animais tornaram-se mais capazes de gerir situações depressivas.
O efeito antidepressivo funciona perante a boa recordação, mas não quando o animal se depara com o mesmo evento novamente, explica contudo a Nature.
A experiência foi liderada pelo japonês Susumu Tonegawa, vencedor do Nobel da Fisiologia em 1987. Os cientistas começaram por identificar o engrama neural específico onde eram armazenadas as memórias. Também marcaram a informação genética das células neurais dessa região, para que se reativassem assim que fossem submetidas a feixes de luz. A seguir, colocaram os ratos perante uma experiência positiva: a convivência com ratos fêmea criou boas memórias no animal.
O que é um engrama?
O engrama é definido na Nature como “0 substrato físico” da memória. É o nome dado ao conjunto de neurónios do hipocampo – mais especificamente de uma circunvalação chamada giro dentado – que podem ser marcados com moléculas sensíveis à luz. Quando essas células são reativadas, as memórias regressam e a depressão termina.
O mecanismo em si ainda não é conhecido. Na verdade, a biologia tem andado em busca de compreender como é que a emoção relacionada com as memórias pode afetar o comportamento, algo que pode ser útil da psicoterapia. Ainda assim, não é claro se esta experiência pode resultar em humanos.
Texto editado por Filomena Martins