Voltemos todos à idade dos porquês. Há muitas coisas com que nos deparamos todos os dias e para as quais não temos resposta. Nem coragem para questionar os outros. Mas já não precisa de se preocupar: há explicação para as grandes dúvidas do dia a dia. E estão todas neste artigo do El País.
Porque é que podemos ver a Lua de dia só às vezes?
Só quando a Lua está na posição oposta ao Sol é que é impossível que a possamos ver durante o dia. O que acontece apenas quando se está em fase de Lua Cheia. De resto, é possível ver a lua à luz do dia, explica o Space.
É que o nosso satélite consegue refletir luz suficiente para se tornar visível. O mesmo acontece com Mercúrio, Vénus e Júpiter, que conseguem refletir a luz solar com suficiente intensidade para os podermos encontrar.
À medida que se aproxima a Lua Nova – enquanto atravessa a fase minguante – a Lua aparece cada vez mais tarde. A certa altura, pode surgir de madrugada e permanecer visível ao longo da manhã. Quando volta a crescer, vemos a Lua ao entardecer.
Por que é que o céu tem cor azul?
Caso não tenha visto o Explica-me do Observador sobre esta pergunta, nós voltamos a dar a resposta. A cor do céu está dependente da dispersão de Rayleigh. Quando os raios solares atravessam a atmosfera, a luz divide-se nas sete cores do arco-íris. A cor azul tem um comprimento de onda mais curto, dispersando-se mais e é a que vemos quando olhamos para cima.
É também por isto que o céu fica avermelhado ao pôr-do-sol: como a luz atravessa a atmosfera por mais quilómetros, a luz azul acaba por perder-se. Restam as cores com comprimento de onda mais longo: vermelho e amarelo.
E à noite, porque é que vemos o céu negro? Parece uma interrogação óbvia, mas já atormentava o astrónomo Heinrich Olbert dno século XVIII. Ele dizia que sendo o céu escuro durante a noite, o universo não podia ser estático, nem infinito. Se assim fosse, para onde quer que olhássemos haveria uma grande probabilidade de nos depararmos com uma estrela brilhante o suficiente para ser vista. Mas a Scientific American explica porque é que Olbert estava errado: apesar do universo ser infinito, a idade dele não o é. E isso significa que a luz dos corpos celestes mais distantes ainda não alcançou a Terra, ou então estes desapareceram antes que isso pudesse ter acontecido.
Porque é que as nuvens se tornam mais escuras antes de chover?
A revista Quo coleciona perguntas deste género e conseguiu responder a esta. Diz o artigo sobre o assunto que antes de chover as nuvens absorvem mais luz, que não se dispersa. Quando não há iminência de precipitação, o gelo e as gotas de água das nuvens refletem a luz e faz com que pareçam mais brancas. Mas quando está prestes a chover, essas partículas tornam-se maiores e absorvem luz, em vez de a refletir. Conclusão: as nuvens ficam mais escuras.
Há limite para o crescimento?
Basta olhar para as famílias de hoje para entender a pertinência da pergunta: parece que as novas gerações são sempre mais altas que as anteriores. Nos últimos cem anos, a espécie humana cresceu 10 centímetros, graças à alimentação e cuidados de saúde melhorados.
Mas nunca vamos conseguir tornarmo-nos em gigantes, garante um artigo da BBC Future. A espécie humana está geneticamente programada para não ultrapassar um determinado valor para a altura: vai ser possível alcançá-lo, mas nunca ultrapassá-lo.
Sua-se dentro de água?
Não. É o exercício físico que ativa as glândulas sudoríparas que nos fazem transpirar quando a temperatura corporal aumenta. Mas quando estamos dentro de água fria, a temperatura nunca sobe ao ponto de a transpiração ser evidente.
Porque é que não consegue fazer cócegas a si próprio?
Porque é impossível que consigamos surpreendermo-nos a nós mesmos, algo que é responsável pela sensação das cócegas. A BBC escreve que o cerebelo é a parte do sistema nervoso que determina todos os nossos movimentos. Ora, se está previsto um determinado movimento, é impossível que ele nos consiga surpreender.
Porque é que há menos (ou nenhumas) moscas no inverno?
As moscas e o inverno não são os melhores amigos. Segundo a BBC, estes insectos resguardam-se do frio em fissuras como se estivessem a hibernar. Na primavera, “acordam” para depositar os ovos. Estes só conseguem eclodir – e as larvas só podem desenvolver-se – quando há mais matéria em decomposição, algo mais comum no verão por causa da temperatura mais elevada.
Como é que os pássaros conseguem dormir nos ramos sem cair?
Foram programados para isso. O El País foi ler o livro “Why Don’t Penguins’ Feet Freeze?” de Mick O’Hare e descobriu que as patas dos pássaros têm um impressionável sistema de tendões. Um deles começa no joelho e termina nas patas dos animais. Por isso, quando dormem, o peso faz com que os joelhos se sobrem e o tendão fique em tensão, pronto para segurar as aves.
Porque é que os ovos são… ovais?
O El País também encontrou resposta para esta questão no livro “Why Don’t Penguins’ Feet Freeze?”. Os ovos têm forma oval porque não calcificam antes de serem postos pelas galinhas. Mas há também razões de sobrevivência por detrás da casca oval. Se tivesse arestas, o ovo era mais frágil, se fosse circular, podia rebolar. Com a forma oval, os ovos conseguem manter a resistência e diminuir os riscos de uma queda do ninho.
Porque é que os rebuçados de mentol parecem tão frescos?
O nosso cérebro é enganado sempre que põe um rebuçado de mentol na boca, diz a Mental Floss. Os receptores TRPM8 respondem ao estímulo do frio quando pomos esses caramelos na boca por causa do sabor de mentol ou eucalipto que é percecionado do mesmo modo que um gelado.
Alguém que explique a pontuação do ténis!
Quinze, trinta, quarenta… Porquê esse sistema? Segundo o El País, é preciso viajar até ao século XV em França para entender o sistema de pontuação do ténis, numa altura em que os pontos deviam ser contados em quartos de hora, como os relógios. Quinze, trinta, quarenta… Quarenta? Não devia ser 45? Na verdade, era mesmo assim, mas era mais fácil substituir os três quartos por 40, para se poder contar os pontos em caso de empate”.
Mas o Observador também tem um Explica-me sobre o tema.
Há mais uma explicação possível. Havia um jogo semelhante ao ténis, mas onde se utilizava a mão em vez da raquete. O campo deste desporto tinha 90 pés. Cada vez que se marcava podia avançar-se quinze pés, exceto à terceira vez que apenas se avançavam 10.
Ma porque é que os ingleses dizem “love” em vez de “nada/zero”. Para simbolizar o zero – ou o nada – os franceses diziam “l’oeuf”, isto é “o ovo”. Os ingleses podiam ter mau ouvido para a língua de Paris e entendiam “love”. Ninguém os corrigiu e o hábito permaneceu.
O pão fica duro com o tempo, as bolachas ficam moles. Porquê?
Voltemos ao “Why Don’t Penguins’ Feet Freeze?” que o El País tem em mãos. As bolachas, mais ricas em açúcar, absorvem a humidade e retêm-na, pelo que ficam mais moles à conta da água que entra na sua textura. Ao pão acontece o contrário: perdem o teor em água que tem e fica mais duro. Está aqui explicado também, em vídeo.
Porque é que fevereiro tem 28 dias?
A Mental Floss explica. Antigamente, o calendário romano tinha apenas dez meses, o equivalente a 304 dias. Havia 61 dias que eram esquecidos: eram os primeiros dias do inverno, onde não era possível praticar agricultura e, portanto eram desprezados.
No século VIII a.C., decidiu-se juntar esses dois meses para alcançar os 355 dias por ano. Mas para tal, um deles tinha de ter apenas 28 dias. E Ao fim de algum tempo era necessário acrescentar um mês de 27 dias, a que se chamou Mercedonius.
Foi com Júlio César que passou a estar em vigor o calendário egípcio, com 365 dias. Só houve um ano que teve 445 dias: o de 46 a.C., para acertar alguns erros de cálculo. Mesmo assim as contas não batiam certas e instituiu-se que haveria um ano, de quatro em quatro, em que o mês mais pequeno de todos ganhava mais um dia (29). Ma o melhor é ler também a explicação completa já dada pelo Observador.
O tempo pode esgotar-se?
O final do Universo é um dos maiores mistérios da Ciência. Uma das teorias mais conhecidas é o Big Crunch, abordada na Scientific American. Esse seria o momento em que o universo passaria a contrair-se em vez de se expandir. E com ele “o tempo iria parar”, diz George Musser no artigo daquela revista.
Densidade e energia passariam a flutuar sem regras, a duração do tempo sofreria diversas mudanças e os relógios correriam sem ordem. E quando podemos esperar esse evento? Não podemos, mas o físico Rafael Bousso da Universidade de Berkeley aposta que vai acontecer daqui a 5 mil milhões de anos.