Começa uma semana mais tarde e acaba dias antes. O calendário escolar para o próximo ano letivo, com início marcado entre 15 e 21 de setembro, está a provocar diferentes reações nas Associações de Pais.

Jorge Ascensão, da Confederação Nacional de Associações de Pais (CONFAP), recebeu a notícia com surpresa: “Não compreendo. Não me parece que em menos tempo consigamos fazer melhor. Aposta-se na intensificação de todo um trabalho que devia ser mais planeado”.

Há pelo menos dez anos que o ano letivo não começava tão tarde. Mas para Isabel Gregório, da Confederação Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE), a alteração do início do calendário escolar é uma guerra sem razão: “Temos de trabalhar para a qualidade e não para a quantidade. Não é assunto se começa a 15 ou a 12, as datas não interessam”. O bem estar dos alunos e dos professores é que é relevante: “O importante é que as aulas comecem com paz e que as provas e exames finais sejam efetuados fora do período de componente letiva”, declara.

A CNIPE já tinha, aliás, pedido à tutela que equilibrasse o tempo de aulas entre os períodos: “É preciso maior paridade porque no final dos 1º e 2º períodos as crianças estão muito cansadas e no fim do 3º ficam muito stressadas com a preparação para os exames e para as provas finais”, acrescenta.

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E esta foi exactamente a justificação que o Ministério da Educação e da Ciência deu ao Observador: “Pretendeu-se um maior equilíbrio na duração dos três períodos letivos”.

Outras atividades

Por causa disso, o presidente da CONFAP traz para a discussão a componente social exigida às escolas hoje em dia: “Hoje a escola também cuida dos filhos, tem um papel social muito grande, além da carga letiva”. É por isso que recorda as medidas da Confederação que foram propostas ao governo e que ainda não foram enquadradas no plano de educação.

“Se a carga horária é menor, então é mesmo necessário explorar outros auxílios dentro da escola”. Ajudas essas, sublinha Ascensão, que se referem a um sistema de educação mais robusto, com mais acompanhamento dos alunos fora da sala de aula, psicólogos e outros apoios sociais: “Há muitas famílias que não têm onde deixar os filhos e que não têm dinheiro para pagar os sítios onde as crianças podem ficar”.

Isabel Gregório volta a não ser da mesma opinião: “Quem assume ser pai ou mãe sabe que é para ter trabalhos e não para despejar as crianças na escola”. Mas a presidente da CNIPE não deixa de reconhecer a importância da existência de atividades extracurriculares, como o desporto escolar: “Os nossos filhos são demasiado sedentários, saem da escola e ficam em casa a ver televisão. O desporto escolar e outras atividades lúdicas podem ser um combate, por exemplo, à obesidade”.

Opiniões à parte, o adiamento do início do ano escolar, entre 15 e 21 de setembro, está mesmo em cima da mesa e os partidos da oposição já chamaram o Ministro da Educação ao Parlamento para falar sobre a proposta.