O Presidente francês, François Hollande, marcou para a manhã de quarta-feira uma reunião de responsáveis da Defesa, depois da divulgação de documentos da Wikileaks que dão conta da espionagem dos EUA a chefes de Estado franceses. A informação foi transmitida por um dos seus assessores à agência noticiosa AFP.

“O Presidente decidiu convocar um Conselho da Defesa, na quarta-feira de manhã, às 09h00, para avaliar a natureza da informação divulgada pela imprensa na noite de terça-feira e tomar as medidas adequadas”, acrescentou aquela fonte.

Os EUA espiaram, pelo menos entre 2006 e 2012, os três últimos presidentes franceses, Jacques Chirac, Nicolas Sarkozy e François Hollande, segundo documentos da Wikileaks revelados nesta terça-feira à noite pelo diário Libération e o sítio na Internet Mediapart.

Os documentos, classificados top secret, consistem em cinco relatórios da agência de informações norte-americana NSA, baseados em “interceções de comunicação”, que eram destinados à “comunidade das informações” dos EUA e a dirigentes da NSA, segundo o Libération. Os relatórios são provenientes de um serviço identificado como ‘Summary Services’, isto é, ‘o serviço das sínteses’.

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Sem revelações particularmente embaraçantes, esclarecem porém o modo de funcionamento e tomada de decisão de Hollande e dos seus antecessores. O documento mais recente é de 22 de maio de 2012, apenas alguns dias depois de Hollande tomar posse, e dá conta de reuniões secretas destinadas a discutir a eventual saída da Grécia da Zona Euro.

Sobre Nicolas Sarkozy, alguns documentos revelam que este se via em 2008 como “o único homem capaz” de resolver a crise financeira. O antigo chefe da diplomacia de Jacques Chirac, Philippe Douste-Blazy, era descrito como tendo “propensão (…) para fazer declarações inexatas e inoportunas”.

A Alemanha foi abalada no verão de 2013 por revelações do antigo consultor da NSA, sigla em inglês de Agência de Segurança Nacional, Edward Snowden, que expôs um vasto sistema de vigilância de conversas telefónicas e comunicações via Internet dos alemães, incluindo um telemóvel da chanceler Angela Merkel, durante vários anos.