O papa Francisco considerou esta quarta-feira que a separação de uma família pode ser “moralmente necessária”, como em casos de violência, sem chegar a falar de divórcio.

“Casos há em que a separação é inevitável”, declarou o papa durante a audiência geral das quartas-feiras na praça de São Pedro no Vaticano.

“Algumas vezes, ela pode tornar-se mesmo moralmente necessária, quando se trata de proteger o cônjuge mais frágil ou as crianças das feridas mais graves causadas pela intimidação e pela violência, a humilhação e a exploração”, acrescentou Francisco.

O papa insistiu na necessidade de proteger as crianças. “Apesar da nossa sensibilidade aparentemente evoluída e das nossas análises psicológicas elaboradas, pergunto-me se não estamos anestesiados perante as feridas da alma das crianças”, questionou.

“À nossa volta, vemos diversas famílias em situações ditas disfuncionais – não gosto desta palavra – e colocamo-nos questões: como ajudar? Como acompanhar a situação de modo a que a criança não se torne refém do pai ou da mãe?”, disse o papa.

Estas questões, colocadas durante a última audiência geral antes da pausa de julho, é claramente dirigida aos padres que se vão reunir em outubro, no Vaticano, para o sínodo sobre a família.

Num documento de trabalho para este sínodo, divulgado na terça-feira, o Vaticano reafirmou a indissociabilidade do casamento, ao mesmo tempo que promete facilitar o acesso a procedimentos para anulação do matrimónio e refere a possibilidade de “caminhos de penitência” em condições muito rigorosas, suscetíveis de permitir a comunhão aos divorciados que voltaram a casar.

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