As parcerias com universidades norte-americanas beneficiaram as instituições portuguesas, trouxeram inovação à investigação e aos currículos, incentivaram o trabalho em rede e atraíram estudantes estrangeiros, mas a relação com a indústria pode melhorar, conclui um estudo do ISCTE.

O trabalho, que será apresentado na segunda-feira, analisou a forma como as parcerias com as universidade norte-americanas Carnegie Mellon (CM), Austin-Texas e Massachusetts Institute of Tecnology (MIT) influenciaram as redes e as relações entre instituições portuguesas, destas com aquelas dos EUA, entre investigadores, entre alunos, de doutoramento e mestrado, e entre todos estes e as empresas. “Foi uma aposta muito interessante, que vai buscar universidades de topo norte-americanas, com uma experiência muito rica em colaborar com empresas, em colocar os seus alunos e criar relações com empresas”, disse esta quarta-feira à agência Lusa a coordenadora do estudo, Teresa Patrício, do ISTCE – Instituto Universitário de Lisboa.

A investigadora explicou que foi analisada a atratividade das parcerias em termos de programas de mestrado e doutoramento, e a conclusão é que “atraíram imensos alunos, nacionais mas também estrangeiros, que são entre 30 a 40%” do total dos estudantes nestes programas de ensino, contribuindo para que, atualmente, Portugal tenha 10 a 12% de alunos estrangeiros nos doutoramentos.

As parcerias “beneficiaram muito as universidades portuguesas: lançaram uma série de novos projetos de investigação, inovaram os seus currículos, passaram a trabalhar em rede e receberam 900 estudantes de todo o mundo”, do Brasil ao Irão, Angola ou Índia, resume uma informação do ISCTE.

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Segundo a análise, “a transferência de conhecimento para a indústria tem margem para melhorar”, constatação que vai no mesmo sentido de declarações da secretária de Estado da Ciência, Leonor Parreira, a alertar para a necessidade de as empresas aproveitarem mais o conhecimento dos investigadores, contratando, por exemplo, doutorados e de as inovações serem trabalhadas nos centros de investigação.

“Quase todas as universidades portuguesas estão, de alguma maneira, envolvidas” nestas parcerias, quer no programa de investigação, quer no ensino, de mestrado e doutoramento ou de transferência tecnológica para as empresas, salientou Teresa Patrício, que realçou também a “densa rede de colaborações” conseguida.

Na análise ao programa, em vigor desde 2006, concluiu-se também que “grande parte dos investigadores ia trabalhar com empresas com as quais já tinham alguma relação prévia e em áreas específicas”, das engenharias às áreas tecnológicas, transportes, energia ou comunicação e informação. Por outro lado, “de uma maneira geral, são eles [os investigadores] que procuram as empresas e as trazem para estas colaborações”, realçou a coordenadora do estudo.

Outra alteração apontada é que se verificou “uma inflexão” de publicações dos parceiros europeus, passando para estes norte-americanos. “De alguma forma [a maneira de trabalhar dos investigadores portugueses] mudou, no sentido em que há mais parceiros e um conhecimento maior de que a ciência faz em rede e as parcerias vieram encorajar” esta situação. Apesar de “já se trabalhar em rede com a União Europeia, aqui a rede foi mais alargada, também a empresas”, referiu Teresa Patrício.