Recentemente, a atriz Jennifer Lawrence declarou a dieta sem glúten o “novo distúrbio alimentar” do século XXI, de tal modo a alergia a esta proteína presente nos cereais tem aumentado nos últimos anos, também em Portugal. Não é a única, principalmente se falarmos também em lactose. Mas o que tem levado a este aumento de alergias alimentares? Segundo Stephen Meller, alergologista e médico na Dusseldorf University Clinic, não há uma razão concreta e são vários os fatores que podem estar a contribuir, entre eles o ambiente, os hábitos e a forma como a própria comida é processada.

Desde 2008 que a Associação Alemã de Alergia e Asma (DAAB) tem seguido o fenómeno das alergias. Em todo esse tempo, não encontrou uma cura. “A única coisa que funciona é o paciente saber ao que é alérgico e evitar esse alimento”, disse Sonja Laemmel à news.

Na Alemanha, foram aprovadas regras rígidas para a listagem de ingredientes nas embalagens, em dezembro do ano passado. Isto significa que os ingredientes que podem causar alergias têm de estar escritos a negrito e sublinhados nas respetivas embalagens. É o caso do glúten e do leite mas também dos ovos, peixe, nozes, soja, aipo e sulfito.

O problema está em todos os alimentos que os alérgicos compram avulso, seja no talho ou na padaria. No entanto, o regulamento também obriga à descrição de ingredientes nestes produtos, o que raramente tem vindo a acontecer e constitui uma catástrofe para as pessoas alérgicas, segundo Andrea Wallrafen, director da DAAB.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

As reações alérgicas à comida podem ser muito diferentes. A alergia pode manifestar-se através de comichão, vermelhidão, espirros, corrimento nasal, tosse, falta de ar, diarreia, vómitos ou náusea, sendo que a pior reação é o choque anafilático, que pode ser fatal.

Não são só os sintomas que variam. As próprias alergias são diferentes consoante as idades. No caso dos bebés, os principais culpados são o leite de vaca e os ovos. As crianças sofrem mais com peixe, frutos secos e trigo. Já os adolescentes e os adultos reagem adversamente a fruta e vegetais crus, especiarias e frutos secos. Em 60 por cento dos casos, as pessoas também são alérgicas ao pólen.

A culpa pode ser do álcool… e do exercício físico

Uma forma de alergia peculiar ao trigo é desencadeada com o exercício físico. Segundo Sonja Laemmel, apareceu há cerca de três anos e desde aí tem-se tornado cada vez mais comum. Stephen Meller, alergologista, recebe casos destes no seu consultório uma vez por mês. “Alguém come pão e depois faz desporto. Pode causar uma reação extrema.” Este fenómeno foi chamado de Wheat Dependent Exercise Induced Anaphylaxis (WDEIA).

Nestes casos, o médico tem de convencer os pacientes de que são alérgicos ao trigo, o que nem sempre é tarefa fácil. A resposta das pessoas, segundo Meller, costuma ser: “não, eu ontem comi e fiquei bem”.

A par do exercício, também o álcool e certos medicamentos podem despoletar alergias, sendo que as pessoas mais novas são as mais atingidas.

Se não se insere em nenhum destes casos e é alérgico a algum alimento, já sabe que o melhor é fugir dele a sete pés e substituí-lo por outro que não o leve até às urgências.