Primeiro, protestos. Depois, detenções. Dois responsáveis pela Uber na Europa, Thibaud Simphal e Pierre-Dimitri Gore-Coty, foram detidos na segunda-feira para interrogatório em Paris, no âmbito de uma investigação que começou em novembro de 2014. Depois de terem passado uma noite na prisão, sabe-se agora que vão a julgamento a 30 de setembro, informaram os advogados ao Wall Street Journal. Estão acusados de “práticas comerciais enganosas”, de fornecerem “um serviço de táxi ilegal” e de “armazenarem dados pessoais de forma ilícita”. A Uber, enquanto empresa, também está acusada.

No centro das acusações está o serviço de partilha de boleias UberPop – que não se encontra disponível em Portugal. Neste serviço, qualquer pessoa pode inscrever-se na plataforma e utilizar a sua viatura para transportar pessoas. Em França, quem gerir um sistema que coloca passageiros em contacto com motoristas que não estejam devidamente licenciados pode ser punido com uma coima no valor de 300 mil euros e até dois anos de prisão.

A detenção dos líderes da Uber em França e para a Europa Ocidental ocorreu poucos dias depois dos protestos que marcaram o final da semana passada em várias cidades francesas. Cerca de 2.800 taxistas saíram à rua para protestar contra o UberPop, dizendo estar a sofrer “concorrência desleal” e ter perdido entre 30% e 40% dos rendimentos. Cerca de 70 carros ficaram danificados. E até a cantora norte-americana Courtney Love foi apanhada na confusão.

Os taxistas bloquearam os principais acessos de várias cidades, pegaram fogo a pneus e viraram alguns carros. No dia seguinte, o ministro da Administração Interna francesa, Bernard Cazeneu, veio pedir às autoridades que forçassem o encerramento do serviço por ser “ilegal”, apesar de a batalha pela legalidade do serviço estar a decorrer em tribunal. Em março de 2015, um tribunal de Paris optou por não banir o serviço e por remeter o assunto para um tribunal de instância superior e, possivelmente, para o Constitucional.

O serviço UberPop chegou a Paris em fevereiro de 2014, cidade onde a marca já operava com os dois serviços que também tem disponíveis em Portugal e que recorrem a motoristas profissionais: o UberX (mais caro e recorrendo a viaturas de gama média-alta, como Audi A4 e Peugeot 508) e um serviço de luxo equivalente ao português UberBlack (que utiliza carros topo de gama da Mercedes e Audi). Mas não estes os serviços que têm estado no centro da polémica em França.

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