A CDU quer as 85 obras de Joan Miró, do ex-BPN, no Convento de São Francisco, em Coimbra, cujas obras de adaptação a Centro de Convenções e Espaço Cultural devem terminar no final do ano.

A coleção de obras de Joan Miró, atualmente na posse das sociedades de capitais públicos Parvalorem e Parups, que gerem os ativos do ex-BPN (Banco Português de Negócios), “merecem um acolhimento num espaço público”, sendo que, ao serem acolhidas no Convento de São Francisco, naquela cidade, dariam “visibilidade internacional” ao espaço, disse hoje à agência Lusa o deputado municipal da CDU Manuel Rocha.

A questão foi abordada pela CDU na Assembleia Municipal de Coimbra de terça-feira, de forma a se poder “discutir e refletir” essa possibilidade, sendo necessário “aprofundar” a ideia, estudar “melhor a sua viabilidade” e apresentar posteriormente uma proposta concreta para o acolhimento das obras do pintor modernista espanhol, referiu.

A presença dessas mesmas obras no Convento de São Francisco poderia contribuir para que o centro cultural, com um investimento de cerca de 33 milhões de euros, pudesse ser um “equipamento de sucesso”, realçou, considerando que a coleção de Miró, “por si só, já constitui um núcleo de atractibilidade”.

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“Uma coleção pública deve ser acolhida num equipamento público”, defendeu Manuel Rocha, também diretor do Conservatório de Coimbra, sublinhando a necessidade de “descentralização dos bens de cultura”.

No projeto de reabilitação do Convento de São Francisco, cuja obra arrancou no anterior mandato autárquico, partilhado pelos presidentes Carlos Encarnação e João Paulo Barbosa de Melo, ambos do PSD, a Câmara de Coimbra já gastou cerca de 25 milhões de euros e o atual executivo, liderado pelo socialista Manuel Machado, vai investir mais oito milhões de euros na sua conclusão.

O Centro de Convenções e Espaço Cultural do Convento de São Francisco envolve, designadamente, a construção de um auditório com mais de 1.100 lugares, salas de conferências e reuniões, restaurante, café-concerto e estacionamento, com mais de meio milhar de lugares distribuídos por quatro pisos, de acordo com um projeto do arquiteto Carrilho da Graça.

Chegaram a estar marcados dois leilões pela Christie’s, em Londres, em 2014, para a coleção de 85 obras de Joan Miró (1893 -1983), avaliadas entre 35 e 53 milhões de euros, que acabaram por ser cancelados devido a processos jurídicos ainda em curso.

Ao longo do ano passado, tanto os partidos da oposição como a procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, defenderam publicamente a classificação das obras.

Em 2014, mais de 10 mil pessoas assinaram uma petição a favor da manutenção das 85 obras de arte em Portugal, e todos os partidos da oposição fizeram iniciativas no parlamento pedindo o cancelamento da venda e a classificação do conjunto.