“Decidimos suspender o serviço UberPop em França, às 20 horas de quinta-feira [3 de julho]. Em primeiro lugar, para preservar a segurança dos motoristas Uber, que são sempre a nossa prioridade”, disse Thibaud Simphal, diretor-geral da Uber em França, numa entrevista ao Le Monde.

Thibaud Simphal e Pierre-Dimitri Gore-Coty, líder da Uber para a Europa ocidental, vão ser julgados por um tribunal francês a 30 de setembro, acusados dos crimes de “práticas comerciais enganosas”, de fornecerem “um serviço de táxi ilegal” e de “armazenarem dados pessoais de forma ilícita”.

Ao Le Monde, o diretor da Uber em França disse que a empresa está “num espírito de conciliação, de diálogo com as autoridades e de demonstrar que tem em conta as suas responsabilidades”. Thibaud Simphal explicou que o que levou a esta decisão foi a violência manifestada nos protestos dos 2-800 taxistas, na semana passada, que saíram à rua para protestar contra o UberPop, dizendo estar a sofrer “concorrência desleal” e e terem perdido entre 30% e 40% dos rendimentos. Cerca de 70 carros ficaram danificados.

O serviço UberPop permite que qualquer condutor se inscreva na plataforma Uber e utiliza o seu carro para transportar passageiros. Este serviço não está disponível em Portugal, mas em França estão inscritos cerca de 10 mil condutores ocasionais. Destes, 87% acumula essa função com outra atividade, explica o diretor geral. Regra geral, têm rendimentos anuais na ordem dos 8.200 euros.

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“A nossa prioridade agora é encontrar uma forma de colocar esses milhares de motoristas na estrada. É vital para eles e para as suas famílias. Vamos ajudá-los a que se tornem aptos para os VTC [veículo de transporte com motorista]”, explicou.

Ao governo, a Uber em França pede para que a certificação dos motoristas para VTC não seja efetuada através do número de horas de formação, mas através de um exame. Atualmente, em França, são precisas 250 horas de treino em seis meses, e tem um custo que pode ir até seis mil euros. “Ninguém entre a população que estamos a falar tem essa quantia”, diz.

Em França, quem gerir um sistema que coloca passageiros em contacto com motoristas que não estejam devidamente licenciados pode ser punido com uma coima no valor de 300 mil euros e até dois anos de prisão. É esta a pena que o diretor-geral se arrisca a 30 de setembro.