A grande mudança na vida do jovem bailarino Diogo Oliveira, de 16 anos, está marcada para setembro, quando ingressar na escola de dança da Ópera de Paris, em França.

O portuense Diogo de Oliveira entrou na dança aos dez anos por sugestão dos tios e atuais professores, Alexandre Oliveira e Sílvia Boga, e sua idade em nada o prejudicou, pelo contrário, porque “desde o início demonstrou capacidades, não só físicas como intelectuais e emocionais, para ter um percurso bem-sucedido”, o que já lhe permitiu arrecadar diversas distinções nos últimos quatro anos nos concursos internacionais em que participou.

O convite para ingressar na escola de dança da Ópera de Paris surgiu em abril, em Nova Iorque, onde decorreu a Youth America Grand Prix – considerada como a maior competição mundial para estudantes de ballet -, na qual ficou classificado como um dos seis melhores solistas seniores.

Voar agora do Porto até à capital francesa com uma bolsa de estudos na mão “é uma mudança que é importante, porque permite depois, com maior facilidade, arranjar trabalho” nesta área, destacou o jovem bailarino à Lusa, que durante os próximos dois anos ficará alojado em regime de internato nas instalações da Ópera de Paris.

“Fiquei muito feliz mas fiquei surpreendido, [porque] não estava mesmo nada à espera de receber um convite desta dimensão. É uma escola muito conceituada e é bastante complicado conseguir entrar”, confessou Diogo, não escondendo que a dança exige muito esforço e dedicação, mas é o que de facto gosta de fazer.

Mais do que valorizar o trabalho que é desenvolvido naquela escola que tem mais de 300 anos, Diogo destaca as oportunidades que lhe poderão surgir, porque, “infelizmente, acabar a formação em dança em Portugal não significa ter facilidade no futuro em arranjar emprego”. O Diogo é um “aluno exemplar”, classificou o professor Alexandre, da Escola Domus Dança, para quem este convite e a bolsa são “a confirmação de que o trabalho que ele desenvolveu foi excelente”. “Não é uma oportunidade comum, é bastante rara”, afirmou, salientando que a escola de dança da Ópera de Paris é “uma das cinco de topo internacionais” e “um patamar extremamente elevado”.

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Ingressar naquela instituição faz de Diogo “uma pessoa muito feliz e concretizada”, e nem a língua, que não lhe é familiar, o está a assustar.

“Acho que vai ser uma experiência bastante positiva. Vou ter o dia-a-dia bastante ocupado, [com] ensino regular de manhã e à tarde várias aulas de técnicas”, como clássica, contemporânea, pas de deux, disse.

O bailarino já recebeu ofertas da Academia Bolshoi, School of American Ballet, escolas estatais de Viena (Áustria), Munique e Berlim (Alemanha), Mónaco, Zurique (Suíça) e English National Ballet (Inglaterra), entre outras, e dedica entre cinco a seis horas por dia à dança, esperando “estar entre os melhores” nesta nova etapa de vida. O aquecimento/estágio para o que o espera será feito a partir da próxima semana, quando o jovem estiver a frequentar naquela que será a sua futura escola um curso de verão, também a convite da sua diretora, Elisabeth Platel.

Sobre quais são os seus bailarinos de eleição que tenham completado a formação na sua nova escola, Diogo não tem dúvidas em apontar a atual diretora, Elisabeth Platel, bem como o diretor artístico da academia de Ballet da Ópera de Viena, Manuel Legris.

Alexandre Oliveira enaltece o “nível técnico” de Diogo, mas não quer para já pensar se o futuro do seu aluno e sobrinho passará por entrar na companhia da Ópera de Paris. “Devemos projetar o futuro mas fazê-lo com cautela e com cuidado. A etapa seguinte é completar a formação na Ópera de Paris, que pensamos que vai ser ótimo para ele, o que vier a seguir logo se verá”, concluiu.