Cerca de três centenas de pessoas manifestaram-se em frente ao Ministério do Ambiente, em Lisboa, em protesto contra a privatização da Empresa Geral de Fomento (EGF) e a reestruturação do setor da água.

A ação de protesto foi convocada pela CGTP-IN e pelo Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL), que se concentraram inicialmente na Praça Camões, antes de iniciarem uma marcha até ao Ministério do Ambiente, onde entregaram uma resolução.

Em causa está a decisão do Governo, já aprovada, de privatizar a EGF, responsável pela recolha, transporte, tratamento e valorização de resíduos urbanos através de 11 sistemas multimunicipais de norte a sul do país e de reestruturar o setor das águas.

A reestruturação do setor das águas agrega sistemas de abastecimento de água em alta, fundindo 19 sistemas multimunicipais em apenas cinco empresas.

Em declarações à agência Lusa, o presidente do STAL, Francisco Braz, criticou ambos os processos, defendendo que terá de ser feito tudo para os travar, uma vez que se tratam de setores “estratégicos e rentáveis”, que são essenciais ao “desenvolvimento, ao ambiente, à saúde e à qualidade de vida das populações”.

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“É um processo carregado de irregularidades, de desprezo pela vontade dos portugueses. Foi feito de uma forma não só obscura, mas ditatorial”, sublinhou.

Nesse sentido, o responsável do STAL considerou que tanto a privatização dos resíduos como a reestruturação do setor da água vão conduzir, “no curto prazo, ao aumento dos preços e à deterioração das condições de trabalho”.

“O aumento dos preços será brutal. Só nos lixos a subida pode ascender a cerca de 25 por cento no sistema da Valorsul (Área Metropolitana de Lisboa e Oeste). No Porto a subida global prevista é de 40%”, perspetivou.

Relativamente às condições laborais, Francisco Braz afirmou que a reestruturação no setor da água vai implicar no caso da empresa Águas de Lisboa e Vale do Tejo uma diminuição ao longo da concessão de 234 trabalhadores e na área dos resíduos de 460.

“Vamos reunir em todas as empresas do grupo e a muito breve prazo decidiremos novas iniciativas”, apontou.

Em setembro de 2014, o Governo anunciou que o consórcio SUMA, liderado pela Mota-Engil, tinha vencido o concurso para a privatização de 95% do capital da EGF.