Meio milhar de brinquedos ajuda a recordar em Leiria, a partir de sábado, a tradição industrial nacional e, em particular, daquela região, na produção de peças de plástico ligadas ao entretenimento, durante cinco décadas do século XX.

A exposição “Brinquedos de plástico da região de Leiria – 1930 a 1980” recorda o fulgor do setor durante parte do século passado, sendo uma iniciativa de dois colecionadores, que cederam peças e documentos e organizaram a mostra patente até 29 de agosto no Edifício Banco de Portugal, em Leiria.

Carlos Anjos é um desses colecionadores. Ajudou a montar o Museu do Brinquedo de Ponte de Lima e defende que a região de Leiria também merece um núcleo permanente que recorde as inúmeras fábricas que ali produziram brinquedos.

“A zona centro foi onde se concentraram a maior parte dos fabricantes de plástico e de brinquedos de plástico”, sublinha.

Ali, existiram dezenas de fábricas, instaladas na Marinha Grande, Caldas da Rainha, Batalha, Porto de Mós, Peniche, Pombal, além de Leiria, que produziam brinquedos em polímeros seminaturais e sintéticos, como o celulóide, a baquelite e o polietileno.

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Esses brinquedos marcaram pelo menos três gerações, frisa o colecionador: “Além disso, iam para todo o mundo. Os brinquedos de plásticos eram exportados e chegavam, por exemplo, às ex-colónias. Vivi em Angola e tive brinquedos da zona de Leiria”.

No final do século passado, contudo, o mercado europeu abriu-se aos brinquedos chineses.

“Chegaram a um preço muito baixo. Ao pé deles, os que eram feitos cá eram muito mais caros”, recorda Carlos Anjos.

A consequência foi o fim de quase todas essas fábricas. “Há meia dúzia que permaneceu em atividade, mas nunca a produzir brinquedos. Dedicaram-se a outra produção industrial”, ligada aos plásticos e moldes.

Diversas dessas fábricas colaboram também na exposição, onde também se encontram brinquedos produzidos em Espinho, Gaia ou Porto, “para se ver a diferença entre o que faziam”, sublinha o colecionador.

Em exibição vão estar bonecas, carros, animais, baldes de praia e também vários brinquedos e o respetivo molde que lhes deu origem. Entre todos, Carlos Anjos destaca o “Autocarro Atómico”, comercializado em 1961 e produzido pela Fábrica Santo António, em Leiria.

“É um brinquedo que, para a época, era fora do comum, com linhas muito futuristas”.

“Brinquedos de plástico da região de Leiria – 1930 a 1980” ajuda também a perceber a mudança destes objetos de entretenimento infantojuvenil ao longo dos tempos, até hoje.

“A sensação vai ser maior entre as pessoas mais velhas”, antecipa Carlos Anjos, porque será “a oportunidade para recordar alguma parte da juventude. Para esses visitantes será uma viagem no tempo”.

Para os mais novos, o colecionador acredita que será como “uma aulas em que poderão avaliar como estes brinquedos foram o início de um percurso até se chegar hoje às máquinas eletrónicas”.

A exposição “Brinquedos de plástico da região de Leiria – 1930 a 1980” inaugura no sábado e estará patente no Edifício Banco de Portugal até 29 de agosto.