Há 22 anos (e ainda com cabelo), Yanis Varoufakis já tinha o mesmo discurso anti-austeridade. Numa entrevista à televisão australiana (ABC) a 11 de outubro de 1993, o ex-ministro das Finanças grego discutia o resultado das eleições gregas do dia anterior, que tinham eleito o então líder do PASOK, Andreas Papandreou, como primeiro-ministro. Se o tom do discurso de Varoufakis permaneceu praticamente intacto no tempo, a sua aparência física sofreu uma reviravolta. De camisa vermelha e com um ar menos sombrio, ostentava uma farta cabeleira negra.

A austeridade, durante o governo de Konstantinos Mitsotakis (entre 1990 e 1993), “na realidade não teve nenhum impacto tangível ou visível. Por isso, não se pode justificar o sofrimento [do povo grego] apontando para os ganhos”, afirmava numa retórica semelhante à atual.

“No inicio dos anos 70, a Grécia entrou num longo período de declínio. A questão é, o que pode qualquer Governo fazer para parar e reverter esse declínio, ao mesmo tempo que evita sofrer um enorme custo político?”, questionava Varoufakis 22 anos antes de ser eleito ministro das Finanças pelo partido de esquerda-radical Syriza.

“Eu considero-me um conservador”, afirmava. “Na Grécia existe a crença convencional de que tudo o que é preciso fazer é esperar que [os líderes mais velhos] morram, e que depois uma geração de jovens apareça com novas ideias… Eu acredito que não vamos necessariamente ver grandes reformas das gerações mais jovens. Se olharmos com cuidado para as gerações mais novas, para todos os partidos…, acho que não vamos encontrar uma enorme quantidade de talento aí”, referia Yanis Varoufakis em 1993.

* Texto editado por David Dinis

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