A direção do PSD não quer assumir nenhum compromisso de apoio, para já, a uma futura candidatura presidencial de Rui Rio embora os contactos tenham sido estreitados no último mês. Na última quarta-feira, dia do debate do Estado da Nação, o ex-autarca do Porto esteve na sede do PSD, onde reuniu com o porta-voz e vice-presidente do partido, Marco António Costa. A 17 de junho, jantara com Pedro Passos Coelho, no Porto.

“O PSD não tem tratado qualquer assunto relacionado com as presidenciais. Não está na agenda política até às legislativas”, afirmou ao Observador Marco António Costa, rejeitando que o PSD possa ficar dividido com várias candidaturas presidenciais: Marcelo Rebelo de Sousa, Rui Rio e Pedro Santana Lopes.

Rio recebeu nas últimas semana um apoio de peso, Francisco Pinto Balsemão, e apoiantes seus estão convencidos que o ex-deputado e ex-autarca, que rejeitou integrar as listas de deputados da coligação Portugal à Frente nas próximas legislativas, prepara-se para avançar para Belém. “Já falou com as pessoas necessárias”, resumiu ao Observador na semana passada um dos seus apoiantes, referindo-se ao facto de ter comunicado à direção do partido que está a ponderar essa possibilidade de modo a que não haja surpresas. Data do anúncio formal ainda não há.

Já Marcelo Rebelo de Sousa continua a sua (discreta) volta pelo país. Esta sexta-feira, esteve em Fafe numa sessão de homenagem aos fundadores do partido naquela localidade, ao lado de Luís Marques Mendes. O professor de Direito está a cativar as bases, embora saiba que Pedro Passos Coelho não o quer apoiar. Entre os apoiantes de Rio, acredita-se que se Rio avançar antes de Marcelo este poderá desistir de consumar a candidatura.

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Na direção de Passos, um apoio a Rio não é um dado adquirido nem pacífico. Carlos Carreiras, vice-presidente do PSD e apoiante confesso de uma candidatura presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa, também não quer ouvir falar em apoio do partido a Rio. “O PSD vai posicionar-se de acordo que são os compromissos assumidos”, ou seja, só terá posição sobre candidatos presidenciais “depois das legislativas”, diz ao Observador.

Perante a disponibilidade de Rio, o provedor da Santa Casa da Misericórdia, Pedro Santana Lopes, veio sinalizar que ainda não desistiu de também ele entrar na corrida. “Disse há meses que só voltaria a falar do assunto em outubro, e não vi razão para alterar a minha decisão”, disse ao DN desta segunda-feira. “A Presidência da República é um assunto demasiado sério para se andar, semana a semana, a fazer novelas deslustrantes de repetidos avanços e recuos”, acrescentou.

“Estão a guardar-se uns aos outros”, comentava esta segunda-feira ao Observador um dirigente do PSD, sobre o diz-que-avança-e-ainda-não-avança.

Para a direção do PSD, o melhor era que não se discutisse tanto os candidatos do lado laranja, mas antes o que se passa no PS. “O PS, esse sim, tem um candidato [Sampaio da Nóvoa] assumido e apoiado por várias personalidades do PS. António Costa até já recuou com a palavra dada porque Maria de Belém suscita algum interesse na ala esquerda do PS e está a criar um forte embaraço”, declara Marco António Costa.