Na última década, as produtoras têxteis deslocaram-se para o continente asiático. Ancoraram em países como a China ou o Bangladesh onde, usufruindo de mão-de-obra barata, produziam peças de roupa para lojas de todo o mundo. Mas nos últimos anos o panorama mudou: os custos de produção tornam-se mais elevados e os escândalos ligados à exploração laboral em fábricas na Ásia obrigaram estas empresas procurar novas alternativas. E parece que já as encontraram – em África. E a Etiópia, onde não há salário mínimo no setor têxtil, é um dos principais destinos de produção de marcas como a Calvin Klein, a Tommy Hilfiger ou a H&M.

Num estudo recente feito pela consultora McKinsey & Co., conclui-se que esta é a primeira vez que um país em África se torna num dos principais destinos dos fabricantes têxteis. A Etiópia, considerado o 14.º país mais pobre do mundo em 2013, concorre agora com o Vietname, Mianmar e Bangladesh. E se neste último se ganha pelo menos 60 euros por mês, na Etiópia o salário médio mensal é de 19 euros, de acordo com o Wall Street Journal.

A Etiópia pode ser neste momento o destino mais promissor, mas não é o único. Várias gigantes têxteis já se deslocaram para outros países da África subsariana, onde a maioria têm acordos de comércio livre com os Estados Unidos (o que poupa custos às empresas) e capacidade de produzir algodão – ao contrário de muitos países asiáticos –, o que reduz o tempo de produção das peças de roupa.

Mas há desafios: a maioria dos países africanos ainda não tem estradas para transportar as mercadorias e a força de trabalho não está treinada para fabricar roupa. Neste momento, a África subsariana é responsável por menos de 1% das exportações mundiais de vestuário. Contudo, a tendência parece estar a inverter-se.

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