O Rio de Janeiro tem mais de 1,2 milhões de metros quadrados de calçada portuguesa espalhada pela suas ruas, de Copacabana à Cinelândia. O calcário, a branco e negro, de padrões ora ondulados, ora retilíneos, e apesar de não se encontrar à altura da vista mas sob os pés de quem passa, é um dos postais turísticos mais conhecidos da cidade maravilhosa.

No entanto, garante a BBC, a sua boa preservação é mais uma incerteza que certeza. “Ainda que a calçada portuguesa também exista em Lisboa ou até em Manaus, foi no Rio de Janeiro que se veio a tornar um ícone internacional”. As declarações, talvez umbiguistas (há cartas régias datadas de 1498 que marcam o início do calcetamento das ruas lisboetas, quase cinco séculos antes de a calçada portuguesa chegar ao Rio de Janeiro), são de Renata Lima, curadora e autora brasileira responsável pela exposição “Tatuagens urbanas e o imaginário carioca”. A exposição pode ser visitada até começo de agosto no Museu Histórico Nacional, igualmente no Rio de Janeiro, por ocasião das celebrações dos 450 anos da cidade.

rossio 1872

As calçadas de Copacabana ou a envolvente do Teatro Amazonas, em Manaus, são, por exemplo, conta a BBC, replicadas da calçada existente na Praça do Rossio em finais do século XIX. Na década de 1960, a Avenida Atlântica de Copacabana foi sujeita a uma reforma, ampliada, e o projeto coube ao arquiteto paisagista Burle Marx.

Hoje, uma obra desta dimensão no “calçadão” do Rio seria mais difícil de levar a cabo. “”A mão-de-obra é muito, muito escassa, quase inexistente. São necessários milhares de profissionais, mestres calceteiros, que conheçam a arte da calçada portuguesa”, lamenta à BBC Renata Lima.

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