Chapéu de marinheiro, decote muito (mesmo muito) pronunciado e uma blusa às riscas azuis e brancas. Kim Kardashian chegou à capa da Rolling Stone, mas a decisão editorial não caiu bem junto daqueles que, ao contrário da socialite, fazem da música a sua profissão. Foi o caso de Sinead O’Connor: a cantora irlandesa que ascendeu à fama no final dos anos 1980 levou para o Facebook a sua posição face à escolha da revista e apelou ao seu boicote. Mais, declarou que “a música está oficialmente morta”.

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Captura de ecrã; Imagem retirada da página de Facebook de Sinead O’Connor

No post podem ler-se duras críticas: “A música morreu oficialmente. Quem diria que seria a Rolling Stone a assassiná-la? Já não se pode esperar que Simon Cowell e Louis Walsh [ambos nomes associados à indústria da música] assumam toda a culpa. Bob Dylan deve estar horrorizado”. O respetivo comentário acumulou, em menos de 24 horas, mais de 55 mil gostos e cerca de 15 mil partilhas.

E as quase 10 mil respostas mostraram-se favoráveis à opinião da cantora: “A Rolling Stone não tem sido uma revista de música séria há algum tempo, mas sim, esta capa é muito irritante”. Outras põem um travão na indignação da cantora irlandesa, cuja imagem de marca é a cabeça rapada: “Vamos parar de fingir que esta é a primeira pessoa fora da música, ou mesmo estrela de reality show, na capa da Rolling Stone”.

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Mas antes de O’Connor se pronunciar contra a capa, já o guitarrista e cantor do grupo Kiss, Paul Stanley, havia mostrado o seu descontentamento no Twitter. Foi por lá que pôs a circular uma mensagem que corre o risco de dar que pensar — “Kim Kardashian está na capa da Rolling Stone. Para nós foram precisos 40 anos. Já disse o suficiente”.

Kim aparece na capa da revista com um decote acentuado e vestida de pin up. Na edição, a socialite promete falar sobre o “mundo real”, num entrevista com acesso restrito à vida privada da estrela do programa de televisão Keeping Up With The Kardashians. E a anteceder o formato pergunta-resposta, a revista descreve Kim como sendo a rainha das selfies, mas também como atriz, modelo, mãe, embaixadora de marcas, empreendedora e uma personalidade capaz de quebrar a internet.

Apesar da controvérsia, esta não é a primeira vez que Sinead O’Connor se insurge contra o atual estado da música. Não há tanto tempo quanto isso, em 2013, a intérprete de Nothing Compares 2 You escreveu três cartas abertas a Miley Cyrus na sequência do lançamento do tema Wrecking Ball. Nas cartas, a cantora irlandesa argumentava que a indústria em questão estava a tirar partido da jovem artista:

“O negócio da música não se preocupa contigo, ou com qualquer um de nós. (…) Eles vão prostituir-vos a todos pelo que valem e, inteligentemente, vão fazer-vos pensar que era isto o que queriam… Não tenham ilusões… Todos vos querem porque estão a fazer dinheiro à conta da vossa juventude e da vossa beleza”.