Armando Vara já saiu do estabelecimento prisional anexo à Polícia Judiciária (PJ) para ficar em prisão domiciliária com vigilância eletrónica na sua casa de Lisboa. Vara foi detido na última quinta-feira, no âmbito da Operação Marquês, o processo pelo qual está detido desde novembro do ano passado o ex-primeiro-ministro, José Sócrates. O ex-ministro do PS foi interrogado na sexta-feira pelo juiz Carlos Alexandre, que lhe decretou a medida de coação, justificada pelo perigo de fuga.

Armando Vara está indiciado pelos crimes de corrupção passiva, fraude fiscal e branqueamento de capitais. A investigação da Operação Marquês, que se centra agora nas suspeitas sobre o empreendimento Vale do Lobo, no Algarve, investiga o empréstimo feito pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) aos acionistas do resort de luxo algarvio (alguns deles ligados à Escom, do BES Angola), bem como a empresa que o banco público constituiu para adquirir 25% do empreendimento. Ambas as situações aconteceram quando Vara era administrador da CGD responsável pelo investimento imobiliário na margem Sul, sob a presidência de Carlos Santos Ferreira. Os dois transitariam mais tarde, já com José Sócrates no Governo, para a administração do Millenium BCP.

As suspeitas foram levantadas face ao pagamento de 12 milhões de euros por parte de um dos acionistas de Vale do Lobo, Helder Bataglia, ao ex-administrador do grupo Lena Joaquim Barroca (que também se encontra em prisão domiciliária com pulseira eletrónica na sequência da Operação Marquês), que terão acabado na conta do empresário e amigo de José Sócrates Carlos Santos Silva (outros dos arguidos do caso). O Ministério Público acredita que este montante foi pago como luvas e que o último destinatário foi José Sócrates. O ex-primeiro-ministro poderá ter ‘ajudado’ à construção do projeto ao desbloquear o Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve (PROTAL) aprovado em Conselho de Ministros a 24 de maio de 2007 e publicado a 3 de agosto de 2007 no Diário da República. Uma ideia que, contudo, já foi negada por vários responsáveis, nomeadamente Luís Gomes, o autarca PSD de Vila Real de Santo António.

Vara passou seis noites na prisão, após terem sido feitas buscas na sua casa e em escritórios e empresas que lhe pertencem bem como a familiares próximos. A Caixa Geral de Depósitos também foi alvo de buscas. Além da vigilância constante (a inspeção às condições técnicas da casa do ex-ministro socialista tiveram de ser primeiro inspecionadas pelos serviços que procederam também à instalação técnica dos necessários aparelhos), Vara fica ainda impedido de contactar com os restantes arguidos no processo.

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