São sabidos os vários possíveis usos da canábis. A arquiteta alemã Monika Brümmer ajudou a encontrar mais uma utilidade: construir casas com blocos feitos de cânhamo, fibra da canábis.

Após compreender as virtudes desta planta na construção durante a sua licenciatura, Brümmer fundou Cannabric, um ateliê de arquitetura ecológica, em 1990. Cânhamo é um dos vários materiais biológicos que a jovem arquiteta usa para substituir o tijolo convencional.

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“Se existisse mais consciência, toda a gente estaria a viver numa casa saudável e não gastaria dinheiro em casas mal feitas, sem sofrer sensações de mal-estar, doença e pagando faturas para manutenção e energia para a climatização”, desabafou Brümmer.

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E os produtos da Cannabric têm sido cada vez mais inovadores: “pellets de elevada densidade 100% vegetal, utilizadas para o isolamento acústico e térmico”, explicou ao El Mundo a arquiteta alemã, encantada com a forma como o tijolo de cânhamo é um eficiente regulador da temperatura, respirável e ecológico, com compostos resistentes ao fogo e à humidade. “É como uma pele que nos protege de radiações e de ruídos da rua”, concluiu.

Além disso, estes tijolos não necessitam de nenhum pilar, nem de outra estrutura vertical complementar para levantar as paredes. Outro aspeto positivo do cânhamo, Outra das vantagens que estes tijolos alternativos oferecem é a possibilidade de serem usado tanto em projetos de reabilitação como em obras novas.

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O uso do cânhamo já fora usado em França no início dos anos 90, onde não havia nenhum tipo de legislação que proibisse o uso do material. Agora, com a legalização da canábis em certos Estados, os Estados Unidos da América começam a dar os primeiros passos nesta industria.

Brümmer deixa claro que o cânhamo industrial “tem um índice de THC [componente psicoativo da canábis] baixíssimo, nada em comparação com a marijuana”. O cânhamo tem cerca de 0,3% de THC, contrastando com os 5%-10% de THC presente no uso recreativo de canábis.  

A Cannabric vende a sua argamassa ligeira a partir dos 135 euros por metro cúbico. Com os pellets isoladores, um produto mais elaborado, o preço sobe para os 300 euros. O custo elevado deste material deve-se à escassa procura e à pequena produção dos mesmos. O convencional tijolo de betão é o que mais vende. “Isto vai mudar quando este material ficar na moda”, assegura a inovadora arquiteta alemã.