“O mistério leva à descoberta e satisfaz a busca humana”. É o que diz Hugh Turvey ao Observador para explicar o motivo de levar a objetiva de uma câmara fotográfica a mostrar o interior do corpo humano. Nestas imagens, fotografia e ciência estão lado a lado.

Turvey sempre se interessou pela ciência, mas seguiu o caminho artístico. Foi designer, tem experiência em arte e começou por utilizar técnicas tradicionais de fotografia. Mas foi a inovação que levou a melhor e este artista residente no Instituto Britânico de Radiologia decidiu juntar questões de saúde e arte.

O percurso parecia natural para Hugh Turvey: a técnica deste tipo de fotografia passou primeiro pelo “skiagram” – onde se conseguem captar sombras e perfis -, evoluiu para o “roentgenogram” – envolvia os raios-x – e chegou à radiografia mais comum hoje em dia. Mas o fotógrafo com mais de 20 anos de experiência trouxe uma nova noção: “xogram”, uma palavra grega que resulta da junção de “xo” (fora) e “gram” (imagem).

Hugh Turvey utiliza comprimentos de onda invisíveis que expõem o perfil e as estruturas internas. É com este truque que o artista mostra “a verdade, tal como um raio-x para um médico ou hospital”, embora admita que possa ser manipulada como em qualquer obra de arte.

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O importante é o que estas imagens parecem espelhar: “Tornamo-nos mais fortes por sabermos das nossas fraquezas” e é por isso que devemos aceitar as fragilidades que as técnicas de imagiologia artística demonstram. De qualquer modo, esse é o segredo do “xogram”: “Habilidade para surpreender, revelar e chocar ao criar uma liberação visual de substrato e estrutura”.

Para Hugh Turvey, o próximo passo é ver os “avanços em imagiologia a abrir os olhos para um mundo diferente, onde vemos além dos materiais”.

Texto editado por Filomena Martins