O ex-Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva visitou Portugal, Angola, Guiné Equatorial e Moçambique entre 2011 e 2014, após deixar o cargo de chefe de Governo, segundo relatório do Instituto Lula.

O relatório de atividades, divulgado na última sexta-feira, é um balanço de 25 anos do instituto e inclui, além do histórico e dos trabalhos da entidade, ações feitas por Lula da Silva.

O ex-Presidente brasileiro é investigado pela Procuradoria por alegadamente ter favorecido a construtora Odebrecht na obtenção de contratos durante viagens para África e América Latina, entre 2011 e 2014. Lula da Silva nega ter cometido qualquer ato ilegal e pediu a suspensão do inquérito.

No relatório do Instituto Lula consta que o ex-Presidente esteve em Portugal em 2013 e 2014, na Guiné Equatorial em 2011 e 2013, em Moçambique em 2012, e, em Angola, em 2011 e 2014.

O documento também refere que Lula da Silva encontrou-se naquele período, dentro ou fora do Brasil, com 107 autoridades, incluindo o Presidente português Aníbal Cavaco Silva, o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, e o ex-primeiro-ministro José Sócrates.

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O jornal “Folha de São Paulo” informou, em junho, que a viagem de Lula da Silva à Guiné Equatorial em 2011, para a assembleia da União Africana, foi acompanhada pelo executivo Alexandrino Alencar, da Odebrecht, e que, após a visita, a construtora obteve negócios no país.

O empresário também acompanhou o ex-presidente em visitas a Portugal e Angola, segundo a revista Época. Alencar foi preso há um mês pela Operação Lava Jato, que investiga crimes na Petrobras.

O Instituto Lula afirmou que o ex-Presidente “não atuou em favor da Odebrecht, nem fez gestão em favor da empresa” em Portugal. A entidade disse que Lula da Silva “comentou” com o primeiro-ministro português que a construtora tinha interesse pela empresa portuguesa EGF, mas que esse facto “era público”, em resposta a perguntas do jornal O Globo.

“O ex-presidente não recebeu, não recebe e jamais receberá qualquer pagamento de qualquer empresa para dar consultoria, fazer lobby ou tráfico de influência”, esclareceu o instituto.

Além da Odebrecht, outras construtoras são investigadas por suposto envolvimento com o esquema de subornos na Petrobras, a maioria delas com alguma ligação com Portugal e países lusófonos.

A Odebrecht é a maior construtora brasileira e lidera projetos de infraestruturas não só no país, mas também em Portugal, Angola, Moçambique e Guiné Equatorial. Já a Andrade Gutierrez é a terceira maior construtora do Brasil, além de ser um dos principais acionistas da operadora de telecomunicações Oi, que anunciou um processo de fusão com a Portugal Telecom em 2013.

Outra construtora investigada, a Camargo Corrêa, controla mais de 90% da Cimpor (Cimentos de Portugal), e teve como Presidente do Conselho de Administração para África o executivo Armando Vara, detido em Portugal no âmbito da Operação Marquês.