Esta terça-feira a Comissão Europeia aprovou a utilização de pembrolizumab para o tratamento de melanoma em estado avançado. Este medicamento pode agora ser usado, tanto como medicamento de primeira linha (primeiro tratamento feito após diagnóstico), como em doentes que já tenham sido sujeitos a terapias convencionais, como a quimioterapia.

Os ensaios clínicos de fase III, que reuniram dados de 1.500 doentes com melanoma em estado avançado, “demonstraram que o pembrolizumab é a primeira e única terapêutica anti-PD-1 em monoterapia que proporcionou um benefício de sobrevivência estatisticamente superior ao ipilimumab, o atual padrão de tratamento para o melanoma avançado”, refere o comunicado de imprensa da MSD, a empresa que fabrica o medicamento. Em junho deste ano, a BMS que produz o nivolumab – um medicamento concorrente – já o tinha apresentado como a primeira terapia anti-PD-1 (a proteína que existe na superfície das células T do sistema imunitário) tanto para tratamento de melanoma em primeira linha, como para doentes já sujeitos a outras terapias.

Certo é que, qualquer um dos medicamentos se apresenta como um tratamento inovador para combater tumores em estado avançado. Neste caso melanoma, mas com expectativas que possam vir a ser usados para tratar outros cancros.

Tanto o pembrolizumab, como o ipilimumab, e também o nivolumab, têm como objetivo impedir que o tumor condicione o sistema imunitário. Explicando melhor: as células do sistema imunitário detetam as células tumorais como um corpo estranho e tentam combatê-lo, mas o tumor tem a capacidade de desligar essa defesa natural. Na verdade, o tumor usa uma capacidade que todas as células têm – travar as células T (um tipo específico de glóbulos brancos) para controlar as respostas imunitárias exageradas -, mas usa-a em proveito próprio.

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O medicamento agora aprovado na Europa para o tratamento de melanoma metastático (que já se espalhou para outros órgãos do corpo) já tinha sido aprovado pela autoridade do medicamento norte-americana (FDA) em 2014. Neste momento, está em estudo a utilização em cancro do pulmão (o tipo de pequenas células), do rim, colorretal, do esófago e do ovário.

O nivolumab, que atua sobre o mesmo recetor que o pembrolizumab, já tinha tido aprovação da Autoridade Europeia de Medicamentos (EMA) este ano para o tratamento de melanoma metastático e cancro do pulmão (do tipo de não-pequenas células) que já tivessem sido submetidos à quimioterapia e que precisassem de uma segunda linha de tratamentos. E o ipilimumab, que atua sobre outro recetor, já tinha sido aprovado em 2011 para o tratamento de melanoma de estado avançado.

A vantagem dos medicamentos que atuam sobre o recetor PD-1 das células T é que as melhorias no doente se fazem sentir em menos tempo do que o medicamento que atua sobre o recetor CTLA-4 (o ipilimumab). Mas, em ambos os casos, o tempo de sobrevida aumenta – um ponto importante para quem não espera mais do que seis meses de vida. Espera-se que uma terapia que combine anti-CTLA-4 com anti-PD-1 venha a ter resultados ainda melhores.