A lembrar algo a meio caminho entre um búzio e um navio, o novo terminal de cruzeiros de Leixões, a inaugurar esta quinta-feira à tarde, poderá chegar quase aos 130 mil passageiros por ano em 2018, estima a administração portuária.

A primeira pedra da estrutura de 40 metros de altura e com 18.500 metros cúbicos de betão foi lançada durante o executivo do antigo primeiro-ministro José Sócrates, em março de 2010, recebendo, ainda ao longo da construção, um volume de escalas de navios cruzeiro que foi crescendo a partir de 2011.

O crescimento dessas escalas acompanhou o do fluxo turístico para o norte do país, o que, para Helena Gomes Fernandes, diretora de marketing da Administração dos Portos do Douro e Leixões (APDL), se reflete ainda no número de postos de trabalho diretos e indiretos criados. São postos de trabalho resultantes, sobretudo, “de todos os serviços que são prestados aos navios”, disse, sem precisar números.

“Estamos a falar de guias turísticos, condutores de autocarros, de toda a oferta turística que é aqui prestada”, lembrou a diretora de marketing da APDL, sublinhando ainda a “importância do projeto também pela parceria com a Universidade do Porto”, de que resulta o Parque de Ciência e Tecnologia do Mar, instalado nos últimos pisos do edifício, que serão ocupados por cerca de 200 investigadores.

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A estrutura em espiral do novo terminal de cruzeiros — revestida de cerca de um milhão de azulejos brancos fabricados pela Vista Alegre — cumpre ainda uma funcionalidade “mais paisagística, que é a da apreensão do edifício de longe, quer para quem chega de navio, quer para quem chega de terra”, disse à Lusa o arquiteto que projetou o equipamento.

“Há muitas dimensões sobre as quais a inserção no espaço envolvente tinha de resultar”, explicou Luís Pedro Silva, descrevendo, “desde logo, a funcionalidade de os passageiros que entram e saem do navio [terem] a sua articulação com os transportes em terra, a articulação com o porto de recreio e a ligação à cidade”.

De acordo com a APDL, só em 2015 o novo terminal já recebeu 90 navios cruzeiro, mas 12 por cento que em todo o ano de 2014, o que se traduziu em “cerca de 90 mil passageiros e 45 mil tripulantes”, na sua maioria britânicos (44%), seguidos de turistas alemães (16%) e norte-americanos (15%). “É adorável. Absolutamente maravilhoso. A localização, as vistas, tudo”, disse à Lusa Friedel Adams, turista oriunda de Cannock, Inglaterra, acabada de sair de um cruzeiro proveniente de Manila, Filipinas.

Já para Codel Lastimado, membro da tripulação do mesmo cruzeiro, bastou ver a estrutura ao longe para ficar interessado em visitá-la. “Tenho um filho a estudar arquitetura nas Filipinas, por isso vou mostrar-lhe esta estrutura”, confessou à Lusa.

Também segundo Keith Muras, antigo diplomata inglês, o novo terminal de Leixões, é “um espaço maravilhoso, vasto e aberto”, que lhe pareceu “muito português, de uma arquitetura portuguesa moderna”. “Penso sempre nos espaços públicos portugueses como sendo muito espaçosos, grandiosos e com uma qualidade muito própria”, revelou o diplomata reformado, elogiando ainda a forma como o edifício “sobressai no espaço envolvente”.

“Suponho que tenha sido essa a intenção do arquiteto. É tão absolutamente diferente de tudo o que o rodeia. É um edifício de modernidade, num porto muito antigo”, descreveu o turista.

De acordo com um Estudo de Viabilidade do projeto do novo Terminal, citado pela APDL, são esperadas, em 2018, cerca de 111 escalas de navios de cruzeiro, para além de 126.500 mil passageiros. O mesmo estudo prevê ainda “um significativo acréscimo na procura turística da Região, quer direta quer induzida” no mesmo período, que deverá resultar num acréscimo de receitas para a região do norte do país de cerca de “11 milhões de euros ao nível da restauração, transportes, compras, cultura e lazer”.