A Carris recebeu 1,3 milhões de euros em multas por falta de bilhete nos primeiros cinco meses deste ano e o Metro de Lisboa 119 mil euros no primeiro semestre de 2015, disse este sábado a porta-voz das empresas.

De acordo com os resultados das ações de fiscalização da Carris fornecidos à agência Lusa, 400 mil passageiros por mês utilizam os autocarros, elétricos, ascensores e elevadores da Carris sem título de transporte válido, enquanto o Metro faz uma estimativa de 750 mil validações. Fonte do Metro explicou que o número de validações é diferente de número de passageiros, uma vez que um passageiro pode efetuar várias validações do mesmo título no espaço de uma hora.

Relativamente às perdas mensais associadas a estas situações, a Carris contabiliza 560 mil euros e o Metro 500 mil, segundo os cálculos daquelas empresas. Isa Lopes, porta-voz do Metro e da Carris, explicou que esta perda acaba por ser recuperada, pois, “atendendo a que o valor da coima é muito superior ao valor do título de viagem”, a multa “cobre o prejuízo associado ao não pagamento do título”.

Contudo, “o custo de todas as coimas aplicadas só cobrirá todo o custo da fraude se houver eficiência total na cobrança, o que nem sempre acontece”, explicou a porta-voz. Desde 2014, a cobrança das coimas passou a ser feita pela Autoridade Tributária em caso de falta de pagamento voluntário.

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Na Carris e no Metro, a falta de título de transporte válido é punida com uma coima num valor mínimo correspondente a 100 vezes o preço do bilhete mais barato e num máximo de 150 vezes o valor do título.

Nos primeiros cinco meses deste ano, e comparativamente a 2014, a Carris apresentou um decréscimo da taxa de fraude na ordem dos 0,7%, ao contrário do Metro, que teve um aumento de 1,6%. Até ao final do mês de maio, a taxa de fraude na Carris foi de 4,6%, enquanto no período homólogo de 2014 se situou nos 5,3%.

As percentagens apresentadas correspondem a estimativas feitas pela Carris, mas estudos externos que “abrangem uma amostra maior” apontam para uma taxa real de fraude superior, na ordem dos 14%. No Metro, esta infração no primeiro semestre de 2015 representa 7% do total dos passageiros, enquanto no mesmo período do ano anterior era de 5,4%, um aumento que, para a empresa, “espelhou o contexto económico social vivido”.

No circuito do Metro de Lisboa, composto por quatro linhas, são as linhas azul e amarela que apresentam maior percentagem de pessoas a viajar sem bilhete. Quanto ao horário em que se verifica maior incidência de fraude, a Carris aponta a madrugada, enquanto o Metro revela “maior incidência no período da hora de ponta da tarde, aos dias úteis, bem como à sexta-feira e ao sábado, no período noturno”. Ambos os transportes apresentam maior taxa de fraude durante o inverno.

Nos últimos anos, para combater a fraude, as empresas têm investido em ações de fiscalização, embora através de métodos diferentes por se tratarem de sistemas distintos, onde as características de validação do bilhete não são iguais. Enquanto a Carris é um sistema aberto, o Metro é um sistema fechado, “em que a entrada e saída dos passageiros é efetuada através de canais de acesso, cuja transposição obriga a dois momentos de validação do título de viagem”.

A Carris, para além das suas ações de fiscalização diárias, realiza dez outras ações de fiscalização ao longo do mês em articulação com a PSP. Na rede do Metropolitano existe um efetivo de fiscalização com um total de 16 elementos, que desenvolvem “ações de fiscalização nas estações e nas carruagens em dois momentos diários, cobrindo todo o período de exploração ao público”, indicou a porta-voz.

A fraude nos transportes públicos é um fenómeno “transversal e que abrange todas as idades, géneros e meios sociais”, concluiu Isa Lopes. A agência Lusa pediu à CP os mesmo dados, mas não obteve resposta.