O ministro da Ciência assegurou nesta terça-feira que a tutela não tenciona alterar a periodicidade, anual, dos concursos de bolsas de doutoramento, apesar de querer, cada vez mais, incluir o apoio ao trabalho dos bolseiros em candidaturas apresentadas diretamente por universidades.

“Não estamos a pensar em alterar a periodicidade das bolsas (…). Estamos a pensar que as candidaturas individuais [apresentadas por investigadores/candidatos a bolsa] venham progressivamente a ser consideradas em candidaturas coletivas”, submetidas por unidades de investigação, universidades, e incluídas no âmbito de projetos de investigação ou programas doutorais, afirmou.

Nuno Crato falava aos jornalistas, em Lisboa, no final da apresentação do relatório da avaliação externa à Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).

O relatório, elaborado por uma comissão de peritos internacionais nomeada pela tutela, aprova o financiamento de bolsas para doutorandos, integrado em programas doutorais, submetidos por universidades, em alternativa aos concursos anuais de bolsas de doutoramento, aos quais os candidatos podem concorrer individualmente.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Os avaliadores sustentam que, para o modelo vingar, o número de bolsas individuais de doutoramento, a conceder por concurso nacional, deve diminuir faseadamente, progressivamente durante um determinado número de anos, não especificado, até serem substituídas integralmente por outros programas de financiamento de doutoramentos, já em curso, como os programas doutorais.

Os especialistas defendem concursos nacionais, aos quais os candidatos podem concorrer individualmente, apenas para necessidades pontuais, em áreas específicas.

“Nenhum candidato [a bolsa de doutoramento e pós-doutoramento] deve ser aprovado sem entrevista”, acrescentou o coordenador da comissão de avaliação externa à FCT, Christoph Kratky, ex-presidente da Fundação para a Ciência austríaca.

O corte nas bolsas individuais de doutoramento e pós-doutoramento levou, em janeiro do ano passado, a comunidade científica a protestar nas ruas de Lisboa e a acusar o Governo de desinvestimento na ciência, o que tem sido refutado pela tutela, que argumenta com a aposta no financiamento direto dos projetos de investigação e nos programas doutorais, geridos pelas universidades.

A FCT é a entidade nacional, na dependência do Ministério da Educação e Ciência, que subsidia a investigação.