Ativistas angolanos vão tentar sair hoje à rua, em Luanda, numa “manifestação pacífica” para alertar para a “violação dos direitos humanos” e “prisões arbitrárias” em Angola, segundo os organizadores da ação.

Pedro Pedrowski “Teca”, um dos organizadores do protesto de Luanda, oficialmente convocado por um grupo autointitulado de “ativistas cívicos de vários extratos sociais” e que integram movimentos de contestação ao regime angolano, explicou à Lusa que o objetivo é contestar as “perseguições políticas” em Angola.

“Estamos a contar com muita gente, desta vez a solidariedade é maior. Falando apenas com petições e apelos nacionais e internacionais as nossas autoridades já não dão ouvidos, não se comovem. Infelizmente, estamos a ser forçados a tomar esta ação mais radical, mas constitucional, para reivindicarmos os nossos direitos, de forma pacífica e ordeira”, disse à Lusa.

A manifestação, explicou, realizar-se-á sob o lema “Chega de prisões arbitrárias e perseguições políticas em Angola” e prevê a concentração pelas 15:00 (mesma hora em Lisboa), no Largo da Independência, no centro da capital, mas receiam que a intervenção policial trave o protesto.

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“Haverá tanto policiamento, de serviços de inteligência e da Polícia Nacional, que mais uma vez vão tentar impedir a realização desta manifestação, mas nós estaremos lá para o exercício da cidadania consagrado na nossa Constituição e porque não estamos a cometer nenhum crime”, apontou, aludindo à intervenção policial que impediu a realização de várias outras manifestações, em moldes semelhantes, nos últimos anos, inclusive com detenções.

A realização do protesto, conforme decorre da Lei, foi participada por escrito ao Governo Provincial de Luanda, o qual, segundo os organizadores, solicitou informação de identificação sobre os promotores.

“Na última informação que recebemos [do governo provincial] referia ‘informar os requentes para que cumpram com a lei’. Então, nós vamos cumprir com a lei e vamos realizar uma manifestação pacífica”, assumiu Pedro Pedrowski “Teca”.

O protesto foi motivado pelas detenções de ativistas em março, caso de Marcos Mavungo, em Cabinda, e em maio, de Mário Faustino, em Luanda – este último libertado já em julho -, na sequência de manifestações contra a alegada violação dos direitos humanos e contra o Governo.

A situação, dizem os organizadores, agravou-se a partir de 20 de junho, com a prisão preventiva de 15 jovens ativistas, suspeitos de estarem a preparar em Luanda um atentado contra o Presidente e outros membros dos órgãos de soberania, num alegado golpe de Estado, conforme informou à Lusa, na ocasião, a Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola.

Na carta informando da convocação deste protesto, os promotores denunciam a “injustiça e arbitrariedade cometidas pelo Governo angolano” e que pretendem exigir “a libertação incondicional dos mesmos presos políticos”.

Garantem que há informações apontando para a realização, no mesmo dia, de outras manifestações do género em Angola, nomeadamente na província do Uíge, bem como em Portugal, Bélgica e Alemanha.

“Nós exigimos a liberdade dos nossos companheiros de luta e de todos os presos políticos em Angola. Queremos dizer basta a estas violações”, rematou Pedro “Teca”.