Na secretaria, e em teoria, o PS acabou de ganhar vantagem de dois deputados em relação à coligação PSD/CDS. O recenseamento eleitoral fechou esta terça-feira e já é certo que Setúbal vai roubar um deputado a Santarém nas próximas legislativas. O que importa isto nas contas finais? Alguma coisa. As eleições são apenas em Outubro, mas com as sondagens equilibradas, todas as contas vão ser importantes para a maioria final. Depois do recenseamento fechado, fica ainda mais claro que há cinco distritos que vão decidir quem vai ser o próximo primeiro-ministro: e não por serem apenas os maiores, mas por serem aqueles em que o voto é mais flutuante.

Por partes.

Mais 60 mil eleitores do que em 2011

Nas eleições deste ano, há mais pessoas que se recensearam para votar. São, de acordo com os dados da Direção-Geral da Administração Interna enviou à Comissão Nacional de Eleições, 9,7 milhões de eleitores, mais 60 mil que em 2011. E as alterações de recenseados, mas sobretudo as alterações na população, levaram a uma distribuição diferente do número de deputados. E, em teoria, a vantagem é do PS. Porquê?

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Com os novos dados, o distrito de Setúbal passa a eleger mais um deputado à Assembleia da República, passando a 18 parlamentares. Se tivéssemos em conta os resultados de 2011, seria eleito mais um para o PS – que foi, de acordo com o método de Hondt (o método de contagem e distribuição de deputados), quem ficou logo abaixo da linha vermelha da eleição. O cenário é até melhor para os socialistas: é Santarém que perde um deputado, passando a nove – e fazendo contas a 2011, seria o PSD a perder o último eleito, confirmou ao Observador a Comissão Nacional de Eleições.

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São cinco que valem por mais de metade do país

É normal que os grandes centros urbanos sejam os que mais contam, mas a diferença destes cinco distritos para o restante país é abissal. As eleições legislativas são no país todo, mas há cinco distritos onde a guerra vai ser mais acesa. Não apenas por serem os que elegem mais deputados, mas sobretudo porque são os mais imprevisíveis no resultado final. Nas últimas eleições têm tido grandes flutuações entre os dois partidos do bloco central. Lisboa, Porto, Braga, Setúbal e Aveiro vão, assim, concentrar as atenções dos candidatos às legislativas. E dos líderes, quando estiverem a contar votos a 4 de outubro.

Estes cinco distritos elegem um total de 139 dos 230 deputados à Assembleia da República, mais de 60% da representação no Parlamento.

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E a variação de votos é grande de eleição para eleição. Em 2011, o PS perdeu nestes distritos a eleição de 14 deputados quando comparado com 2009 (em 2009 elegeu 59 deputados e em 2011 apenas 45). E o PSD e CDS (que foram em separado em ambas as eleições) ganharam de 2009 para 2011, 19 parlamentares (55 em 2009 e 74 em 2011). É por isso nestes cinco círculos que se jogam os resultados eleitorais. Até porque o seguinte distrito a contar na tabela elege dez deputados (Leiria) e os restantes nove (Coimbra, Santarém, Faro e Viseu) e a variação de um lado para o outro foi de apenas um deputado a saltar de um partido para o outro, com exceção de Leiria onde o BE perdeu o deputado eleito em 2009.