Os centristas querem reunir com os diretores dos três canais generalistas para discutirem a presença de Paulo Portas nos debates eleitorais. Para o CDS, a exclusão do vice-primeiro-ministro, uma exigência do PS e do PCP, é “uma lesão do pluralismo” e “uma discriminação que se aplica diretamente e exclusivamente aos eleitores” do partido do Largo Adelino Amaro da Costa.

Numa carta assinada por Cecília Meireles, o CDS critica a solução encontrada pelas televisões – um debate a quatro, entre Passos, Costa, Jerónimo de Sousa e Catarina Martins – por considerar que a “presença residual em apenas um frente-a-frente não resolve a questão” e que, a verificar-se este formato de debate, ficarão em causa “a globalidade da representação, do pluralismo, do escrutínio e do contraditório democrático”.

O CDS faz questão de lembrar que nunca colocou “qualquer entrave à participação de qualquer outro partido nos debates” e acrescenta: “Nem mesmo quanto ao PEV, que nunca se apresentou isoladamente a eleições nem fez parte de qualquer Governo”. O que pode significar que o CDS estaria disposto a aceitar a participação de Heloísa Apolónia, líder d’Os Verdes, num eventual debate a seis.

E esse é um ponto de honra para os centristas. “O CDS é um dos partidos fundadores do regime democrático em Portugal, com representação política e parlamentar ininterrupta tanto na Constituinte, como nas doze legislaturas entre 1976 e 2015” e, como tal, não podem ser simplesmente afastado do debate eleitoral, argumentam.

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Mais: os centristas acusam socialistas e comunistas de quererem, por “mera expressão de arrogância”, impor “um ‘diktat’ aos meios de comunicação social, não sobre a sua própria participação nos debates, mas sobre a participação de terceiros”. Já na terça-feira, numa nota enviada às redações, o CDS tinha denunciado aquilo que acredita ser “uma deriva de ‘controleiros'” e de arrogância” na “relação do PS com a comunicação social” e “com os adversários políticos”.

Desta vez, o CDS lembra também que o partido “chegou ao Governo em 2011 por vontade do eleitorado” e que, enquanto membro da coligação, esteve à frente de pastas como, por exemplo, a Economia (Pires de Lima), da Solidariedade, do Emprego e da Segurança Social (Pedro Mota Soares) e o Mar e a Agricultura (Assunção Cristas).

Ora, para os lados do Largo Adelino Amaro da Costa, a exclusão de Paulo Portas dos frente-a-frente implica uma de duas coisas: “ou bem que estas políticas públicas fundamentais deixam de ser abordadas, no período eleitoral, em termos de responsabilidade política direta, o que seria incompreensível; ou bem que o exercício da crítica sobre as mesmas é meramente parcial ou panfletário, porque faltara nos debates a voz do contraditório direto e específico sobre as mesmas”.

Os centristas insistem: o facto de PSD e CDS concorrerem juntos às eleições, não significa que tenham perdido a “autonomia de atuação”. “Estes factos basilares sempre foram respeitados pelos órgãos de comunicação social, na sua avaliação da representatividade e da pluralidade dos projetos políticos. A nosso ver, não faria qualquer sentido que, no momento presente, tudo fosse diferente – não por expressão da liberdade editorial, insista-se, mas pela mera ação obstrutiva de outros partidos”, acrescenta ainda o CDS.

Na sexta-feira, já Pedro Passos Coelho tinha chamado a atenção para a importância da participação de Paulo Portas nos debates televisivos. Em declarações ao semanário Sol, o primeiro-ministro disse achar “estranho estar a excluir o CDS dos debates pré-eleitorais”.

Ao mesmo jornal, o líder do PSD sublinhou que o CDS é um partido solidamente implementado no cenário político e apesar de se candidatarem em coligação às próximas eleições, o partido de Paulo Portas “existe desde 1975 e não se evaporou pelo facto de concorrer em coligação com o PSD. Os dois partidos estão coligados, mas não se fundiram”, afirmou o primeiro-ministro, um dos argumentos utilizados agora pelos centristas.

Na carta enviada aos diretores dos três canais generalistas, o CDS reforça a ideia de que tanto PSD, como centristas, consideram que “a exclusão do CDS e do seu líder dos frente-a-frente e debates previstos, põe em causa a pluralidade do respetivo formato. E termina dizendo que o “facto de haver aparentemente, vetos de alguns partidos sobre outros, altera em profundidade a qualidade democrática da proposta”.