O governo alemão está “cético” em relação aos termos do “acordo técnico” atingido na terça-feira entre Atenas e os representantes dos credores. E Angela Merkel disse-o a Alexis Tsipras num telefonema ao final do dia de ontem entre a chanceler alemã e o primeiro-ministro grego. O governo alemão continua a preferir que se prepare um novo empréstimo intercalar que permita às negociações decorrerem mais algumas semanas sem que o Estado grego caia na bancarrota.

A informação de que Angela Merkel se mostrou “cética” – foi esta a palavra usada – em relação ao acordo está a ser avançada pelo jornal grego Kathimerini. O Financial Times também escreve sobre a “relutância” com que o acordo técnico atingido na terça-feira. Os dois jornais não especificam as fontes que lhe transmitiram a informação mas recordam as declarações de um adjunto de Wolfgang Schëuble no Ministério das Finanças alemão, Jens Spahn, que avisou que a Alemanha irá analisar “com muito cuidado” o princípio de acordo, para se certificar que este “se aguenta por três anos, e não por três dias”.

Na resposta a Merkel, neste telefonema descrito pela imprensa grega, Tsipras terá dito que o acordo teve a aprovação dos representantes dos credores e que não há forma de voltar atrás agora. Alexis Tsipras quer votar o acordo no Parlamento grego esta quinta-feira.

O governo grego e os credores chegaram esta madrugada de terça-feira, ao cabo de 20 horas de negociação, a um acordo sobre os pontos-chave que vão reger o terceiro resgate. As negociações técnicas foram concluídas, confirmou fonte europeia ainda durante a manhã, faltando apenas finalizar “alguns detalhes”. Sistematizámos aqui as principais medidas que o governo grego se comprometeu a tomar em troca do terceiro resgate.

O que poderá estar, também, a preocupar o governo alemão é que o FMI indicou na tarde de terça-feira que estará disponível a participar financeiramente no terceiro resgate, mas só mediante uma decisão europeia que alivie o fardo da dívida pública da Grécia. A Alemanha e outros países têm recusado um compromisso imediato com um corte do valor nominal da dívida grega, mas admitem que, após uma primeira avaliação positiva ao programa grego (em outubro) poderão ser discutidas formas alternativas de reestruturar a dívida.

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