Uma parte do produto da venda da casa de José Sócrates no edifício Heron Castilho, em Lisboa, será usada para liquidar dívidas contraídas ao empresário Carlos Santos Silva. A informação é avançada pelo semanário Expresso que cita o advogado João Araújo.

A defesa de José Sócrates tem justificado as transferências de dinheiro de Santos Silva para o ex-primeiro ministro como empréstimos de um amigo. Santos Silva está indiciado na Operação Marquês por corrupção, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais, tal como José Sócrates. O Ministério Público suspeita que os movimentos realizados ao longo de três anos de Carlos Santos Silva para José Sócrates, no valor de 1,5 milhões de euros, tenham sido entregues como contrapartida de favores feitos pelo antigo primeiro-ministro, indiciando corrupção. Os argumentos da defesa referem ajuda financeira entre amigos para justificar as transferências.

O advogado não revela que parte dos 675 mil euros que resultaram da venda do imóvel será usada para acertar contas, mas o Expresso recorda que uma fatia desse encaixe deverá ser usado para pagar o empréstimo de 250 mil euros contraído junto da Caixa Geral de Depósitos para comprar a casa na Rua Brancaamp. O advogado de Sócrates, João Araújo, fala num acerto de contas entre o ex-primeiro-ministro e Carlos Santos Silva, e admite que o seu cliente ficou sem rendimentos desde que foi detido em novembro do ano passado.

O apartamento T3 da Heron Castilho foi vendido a um antigo procurador-geral do Paquistão que em declarações ao Expresso admite que se sentiu defraudado quando percebeu que a casa tinha sido esvaziada do seu recheio. Makhdoom Ali Khan garante ter feito um acordo de cavalheiros com o advogado de Sócrates, que lhe mostrou o imóvel, de que o preço de venda incluiria móveis. E agora diz que foram levados vários móveis, entre sofás e mesas.

José Sócrates já indicou entretanto outra morada em Lisboa ao Ministério Público, numa zona mais discreta da cidade, para o qual irá, se a medida de coação máxima, prisão preventiva, for entretanto revista.

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