As escavações para uma estrada em Schöneck-Kilianstädten, a cerca de 20 quilómetros de Frankfurt (Alemanha), revelaram uma grande quantidade de ossos humanos em 2006. Quando se percebeu que o achado arqueológico tinha importância histórica, as ossadas foram entregues a investigadores, que agora divulgaram o que encontraram na revista científica norte-americana Proceedings of the National Academy of Sciences: 26 corpos de adultos e crianças colocados numa vala comum, aparentemente depois de um massacre que atingiu uma aldeia de agricultores.

A civilização que vivia naquela região atribuía a cada pessoa uma sepultura onde o corpo era cuidadosamente colocado, refere o Guardian. As sepulturas poderiam incluir também alguns bens, como cerâmicas. Mas os corpos encontrados estavam todos na mesma vala, colocados de forma dispersa, e com vários ossos partidos. Entre os corpos não foram encontradas mulheres, o que sugere que esta aldeia foi atacada por um outro grupo, que os homens foram mortos e as mulheres raptadas.

Ao contrário das civilizações de caçadores-recoletores que viajavam à procura de alimento, os agricultores fixavam-se e o crescimento das populações juntamente com a diminuição dos recursos (espaço e alimento) podiam desencadear rivalidades entre grupos vizinhos. Uma disputa deste tipo, em que uma aldeia ataca a outra, pode justificar a morte destas 26 pessoas, mas os investigadores nunca tinham visto tanta violência… arqueológica.

Os atacantes terão usado arco e flecha durante a invasão, a julgar pelas pontas de seta encontradas na vala. Mais de metade dos indivíduos tinham as pernas partidas, embora os investigadores ainda não consigam confirmar se se tratou de um ato de tortura ou de mutilações póstumas. Especulando sobre as razões, Lawrence Keeley, um antropólogo na Universidade de Illinois (Estados Unidos) que não participou no estudo, lembra que existiam culturas onde estas mutilações serviam para evitar que os espíritos dos mortos perseguissem os atacantes.

O antropólogo acrescenta que este massacre encaixa nos padrões de batalha. “A única interpretação razoável em casos como este é que as aldeias típicas da cultura da Cerâmica Linear [como era chamada esta civilização] foram eliminadas pela morte dos seus habitantes e rapto das mulheres jovens. Isto representa ainda mais um prego no caixão daqueles que alegavam que as guerras eram raras ou ritualizadas ou menos horríveis na pré-história ou, neste caso, no início do neolítico.”

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