A língua é incorrigivelmente afiada e prova disso são os muitos comentários polémicos protagonizados por aquele que é um dos candidatos republicanos à presidência dos Estados Unidos. Afirmações misóginas e xenófobas fazem parte do cardápio de declarações do homem que tem uma fortuna de milhões nos bolsos.

E são as palavras pouco (ou talvez muito) ponderadas que lhe garantem, por estes dias, presença assídua nos jornais e, exemplo disso, é a nova capa da Time. Ainda assim, nem todos estão dispostos a levá-lo a sério — é o caso do norte-americano Huffington Post que se recusou a fazer a cobertura de Trump na condição de figura pública (a publicação equiparou-o à socialite Kim Kardashian). E já houve, inclusive, emissoras que romperam contratos com Trump.

Mas as afirmações politicamente incorretas de Trump parecem não afetá-lo. Se já antes o candidato subia a passos largos dentro do partido, agora uma nova sondagem realizada pela CNN, divulgada a 19 de agosto, vem mostrar que o magnata está apenas a seis pontos percentuais de Hilary Clinton — os resultados apurados colocam-no numa posição muito favorável junto dos norte-americanos, uma vez que a corrida de Trump deixou de ser partidária para ser nacional.

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Ainda assim, a mais recente controvérsia liderada pelo magnata envolveu a modelo Heidi Klum, que entretanto respondeu à letra. Vale então a pena recordar que outras declarações proferidas este ano já marcaram o percurso do candidato:

“Se as pessoas que foram mortas de forma tão violenta em Paris tivessem armas, teriam tido, pelo menos, alguma hipótese de se defenderem. Não é interessante que a tragédia que ocorreu em Paris tenha acontecido num dos países com um controlo de armas mais apertado do mundo?”, disse a propósito do massacre ao jornal satírico Charlie Hebdo. 7 de janeiro de 2015

-“[O México] está a enviar pessoas que têm muitos problemas e que trazem esses problemas para cá. Trazem drogas, crime e violadores”, argumentou no discurso de apresentação da sua candidatura. “Os Estados Unidos tornaram-se numa lixeira para os problemas dos outros.” 16 de junho de 2015

“Como presidente, serei o maior promotor de emprego que Deus alguma vez criou”, afirmou também no discurso inaugural da campanha presidencial. 16 de junho de 2015

“O muro vai ser erguido e o México vai começar a comportar-se”, durante uma participação no programa de Bill O’Reilly. 16 de junho de 2015

“Ele não é um herói de guerra. É um herói de guerra porque foi capturado”comentou  sobre o senador republicano John McCain, ex-piloto que foi feito prisioneiro durante a guerra do Vietname. E acrescentou: “Eu gosto de pessoas que não foram capturadas”. 19 de junho de 2015

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Trump num debate televisivo, a ser questionado sobre os seus comentários sexistas. Foto: captura de ecrã

– “Hilary Clinton é a pior Secretária de Estado na história dos Estados Unidos da América. Nunca houve uma Secretária de Estado tão má como a Hilary. O mundo explodiu à nossa volta. Nós perdemos tudo, incluindo todas as relações. Não houve uma única coisa boa que tenha resultado da sua administração enquanto Secretária de Estado.” A acusação veio na sequência do que Clinton, também ela candidata à presidência dos EUA, disse quando afirmou estar “desiludida” com os comentários de Trump sobre a emigração. 12 de julho de 2015

– “Já disse coisas que poderia não ter dito. Surpreendentemente, não [aconteceu] muitas vezes. Mas certamente que já houve ocasiões”, citado pelo canal ABC. 19 de julho de 2015

– “Eu não tenho muito respeito por Megyn Kelly, ela é um peso leve. Sabe, via-se o sangue a sair-lhe dos olhos, o sangue a sair-lhe de… qualquer parte. Na minha opinião, ela estava descontrolada.” A referência foi feita tendo em conta as questões colocadas pela jornalista Megyn Kelly, durante um debate em direto, a propósito dos comentários misóginos de Trump — recentemente foi noticiado que, em 2011, Trump chamou uma advogada de “nojenta” quando a mesmo solicitou um intervalo durante uma sessão em tribunal para amamentar o seu recém-nascido. 7 de agosto

“Infelizmente, ela já não é 10”, disse em relação à modelo Heidi Klum, numa recente entrevista ao jornal The New York Times (a resposta não se fez tardar).