O porta-voz do governo francês, Stéphane Le Foll, afirmou hoje que a França quer reforçar a coordenação dos serviços de inteligência europeus, depois do ataque na semana passada ao comboio que liga Amsterdão a Paris.

Numa entrevista a alguns órgãos de comunicação social franceses, Le Foll afirmou que “já existe uma coordenação europeia”, e acrescentou que isso ficou demonstrado pelo facto de a Espanha ter informado a França das intenções do presumível terrorista Ayub El Khazzani.

“Temos de reforçar a coordenação, esse trabalho de coordenação é essencial para o êxito da luta contra o terrorismo”, disse o porta-voz do Executivo francês.

O presidente francês, François Hollande, falou na segunda-feira da organização de uma reunião dos ministros do Interior de vários países europeus e alguns meios de comunicação social avançaram a data do próximo sábado, mas não foi confirmada pelas autoridades francesas.

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Le Foll deu a entender que os serviços de segurança franceses não detetaram a presença de Ayub El Khazzani em França no ano passado, onde esteve pelo menos durante dois meses, pelo que uma das questões em análise agora é saber onde esteve a morar e com quem se relacionou.

O marroquino Ayoub El Khazzani tentou atacar um comboio em França, na sexta-feira, e foi neutralizado por passageiros, entre os quais três norte-americanos, um britânico e um francês, num incidente que resultou em dois feridos.

O acusado nega qualquer ligação com grupos radicais islâmicos e evoca uma tentativa de assalto, neste episódio.

Duas investigações estão em curso, uma a cargo do Ministério Público antiterrorista de Paris e outro pelo Ministério Público federal belga.

Segundo a advogada, que o acompanhou quando ainda estava sob custódia policial em Arras (no norte de França) e antes de ser transferido para a unidade antiterrorismo em Paris, o marroquino, de 25 anos, “ficou estupefacto com o caráter terrorista que atribuíram à sua ação”.

O homem disse que encontrou a arma de assalto, uma Kalashnikov, numa mala num parque perto da estação ferroviária de Bruxelas, onde dorme com outros sem abrigo, e queria usá-la para assaltar os passageiros do comboio “para comprar comida”, disse a advogada, Sophie David, ao canal BFMTV.

A defesa de Ayoub El-Khazzani, que deverá ficar preso até hoje, dia em que se prevê a libertação de um comunicado sobre o andamento das investigações, não convenceu os investigadores.

O seu perfil de islâmico radical, identificado pelos serviços secretos de quatro países europeus (Espanha, França, Bélgica e Alemanha), orienta os investigadores a acreditar que o marroquino queria realizar um ataque no comboio.