“Os fundos de pensões alimentam estes mercados financeiros de uma forma como mais nenhum outro faz e neste contexto temos que ressalvar a irresponsabilidade da proposta da coligação para o plafonamento da segurança social”, afirmou à agência Lusa a dirigente do Bloco de Esquerda (BE) Mariana Mortágua.

Segundo a dirigente e cabeça de lista do BE pelo círculo eleitoral de Lisboa, “o que a coligação vem propor, em contexto de fragilidade dos mercados financeiros, é que parte dos descontos da segurança social não vão para o fundo público da Segurança Social mas para PPR que vão investir em bolsa e nestes mercados especulativos”.

O BE entende que o crash de segunda-feira da bolsa chinesa teve consequências para a economia europeia e particularmente para a portuguesa e que por isso não deve passar ao lado da campanha eleitoral portuguesa.

“Esta exposição da economia portuguesa ao mercado chinês deriva de uma estratégia deliberada do Governo para entregar a fundos chineses e a empresas públicas chinesas ativos estratégicos da economia portuguesa como é o caso da eletricidade e o caso mais recente da Fidelidade”, sustentou.

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Mariana Mortágua lembrou que a Fidelidade representa um terço de todo o setor segurador em Portugal, era uma empresa pública e foi vendida a um fundo privado chinês (Fosun) por mil milhões de euros.

“O resultado desta operação foi que a Fidelidade está agora sobre-exposta à Fosun, empresa mãe, e por consequência ao mercado bolsista chinês, o qual se mostrou ser um mercado altamente volátil, pois a Fosun perdeu 30 por cento com a crise do mercado bolsista chinês”, exemplificou.

“A pergunta que fazemos às portuguesas e aos portugueses é se querem mesmo ter a reforma dependente do desempenho da bolsa em Portugal ou no mundo”, questionou.

“É que se esta medida estivesse em vigor desde 2008, quando a bolsa perdeu 50% do seu valor, as pessoas nem só não tinham capitalizado um euro na sua reforma como tinham perdido metade da sua reforma e esta proposta da coligação (…) troca a solidariedade no sistema da Segurança Social por uma ideia de especulação financeira e de economia de casino que não é aceitável à luz dos acontecimentos recentes”, frisou.

A coligação PSD/CDS-PP pretende que seja definido um limite nas contribuições para a Segurança Social que determinará também o valor máximo para a futura pensão das gerações mais novas, para garantir a sustentabilidade da Segurança Social.

Segundo o programa eleitoral pretendem “introduzir, para as gerações mais novas, um limite superior para efeitos de contribuição, que em contrapartida determinará um valor máximo para a futura pensão”.

Dentro desse limite, escrevem os partidos que sustentam o atual Governo, “a contribuição deve obrigatoriamente destinar-se ao sistema público e, a partir desse limite, garantir a liberdade de escolha entre o sistema público e sistemas mutualistas ou privados”.