Uma equipa de investigadores norte-americanos descobriu uma forma de reprogramar células cancerígenas de volta ao normal. Como um tumor é uma proliferação celular anómala, o novo processo passa por restaurar a função que impede as células de se multiplicarem excessivamente e originarem cancros. Segundo o estudo publicado no jornal de biologia celular Nature Cell Biology,  é a primeira vez na História que células malignas de vários tipos foram transformadas em células benignas, inofensivas.

O processo: O segredo está nos microRNAs

A “cola” que une as células do corpo humano é regulada por microprocessadores biológicos chamados microRNAs. São estes microRNAs que ordenam às células que se parem de dividir, ao sintetizar a proteína PLEKHA7. Contudo, em situações de cancro o processo não funciona.

Já se sabia que ao remover microRNAs das células se pode provocar um cancro, mas a grande descoberta da equipa norte-americana é que o contrário também é possível. Ao injetar microRNAs que funcionam bem em tumores, os cientistas conseguiram “desligar” o processo de replicação celular anormal e parar a doença. “É como travar um carro em excesso de velocidade,” explicam os cientistas da MayoClinic ao Telegraph.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

SAN FRANCISCO - AUGUST 18: Eighteen-year-old cancer patient Patrick McGill lies in his hospital bed while receiving IV chemotherapy treatment for a rare form of cancer at the UCSF Comprehensive Cancer Center Childrens Hospital August 18, 2005 in San Francisco, California. The UCSF Comprehensive Cancer Center continues to use the latest research and technology to battle cancer and was recently rated 16th best cancer center in the nation by US News and World Report. (Photo by Justin Sullivan/Getty Images)

O novo método será menos agressivo que a quimioterapia. (Photo by Justin Sullivan/Getty Images)

“Ainda há um longo caminho antes de sabermos se estas descobertas, em células cultivadas em laboratório, vão ajudar a tratar pessoas com cancro. Mas é um passo significativo na compreensão de como certas células do nosso corpo sabem quando crescer e quando parar. Compreender estes conceitos chave é crucial para continuar a encorajar o processo contra o cancro que temos visto nos últimos anos”, disse Henry Scowcroft, líder da equipa de comunicação científica do Cancer Research UK, citado pelo Telegraph.

O novo método foi testado em células humanas em laboratório e a esperança é que possa vir a ser usado na prática clínica. O objetivo é que a introdução de microRNAs diretamente em células cancerígenas, possa “travar” um cancro sem recorrer a tratamentos mais agressivos como a quimioterapia ou a cirurgia.