Há dois dias, o Reddit lançou uma pergunta aos pilotos internautas: qual foi a situação em que estiveram mais perto de um desastre de aviação? Rapidamente apareceram 5.000 comentários e nalguns deles contam-se histórias realmente assustadoras das alturas. O Observador relata-lhe seis.

Saltou por cima de um avião

“Metade dos passageiros envolvidos neste episódio não fazem ideia que ele sequer existiu, a outra metade deve ter vivido o susto da sua vida. O meu pai era piloto na Eastern Airlines e foi ele que me contou esta história. O avião que comandava estava quase à velocidade de descolagem quando outro avião comercial estacionou na pista de aceleração. O meu pai já estava a andar demasiado rápido para abortar a descolagem, por isso teve de levantar voo mais cedo e passou a rasar por cima do outro avião, a uma distância de poucos metros. Os passageiros do avião do meu pai não deram por nada, mas os passageiros do outro avião viram tudo. Não sei o que aconteceu ao outro piloto, mas nessa noite o meu pai recebeu uma chamada com um pedido de desculpas dele.”

Perdemos o controlo da pressão

“Sou piloto de um avião comercial Embraer 175. Provavelmente uma das coisas mais assustadoras que já me aconteceu foi quando um dos canais de controlo de pressão da cabine falhou e começámos a perder pressurização rapidamente. O nosso controlador tem dois canais que trocam automaticamente caso um deles falhe. Estávamos quase a começar a descer quando os nossos ouvidos começaram a estalar loucamente. A pressurização estava a aumentar mesmo muito rápido. Começámos uma descida íngreme, mas não de emergência, enquanto trocava o controlador para manual e depois para automático outra vez. Foi assim que conseguimos controlar a situação.”

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A língua traiu-nos

“Eu costumava conduzir biplanos vintage e levar pessoas em viagens de lazer. Fazíamos acrobacias aéreas e deixava-as conduzir por um bocado. Como estes aviões foram construídos durante os anos trinta ou quarenta, têm duas cabines separadas e torna-se difícil comunicar caso alguma coisa corra mal. Era sempre uma luta explicar que o que tinha acabado de acontecer não era normal. Bons exemplos:

  • O motor explodiu durante o voo (grande falha, fez um buraco no cárter do motor) e aterrou num campo. O passageiro era francês e pensou que aterrar num campo era normal. Não tinha conseguido entender a mensagem “mayday” no rádio.
  • Costumávamos aterrar numa pista relvada. O pneu saltou e parámos num espaço de 50 metros, quando normal é acontecer em 200 metros. O passageiro não entendeu o que se tinha passado até eu ter chamado os bombeiros para me ajudar a puxar o avião para o hangar.”

Os dois aviões iam colidir no ar

“Eu não sou piloto, mas o meu pai é e tem umas histórias para contar. A pior delas foi quando ele estava a levantar voo (ou a aterrar, já não me lembro bem) em Manchester num avião DanAir e o controlador aéreo era um recém-formado. O que o levou a fazer isto eu não sei, mas ele mandou o avião do meu pai e um avião da British Midlands num percurso convergente. O meu pai recebeu uma mensagem no rádio a dizer “descer imediatamente” e enquanto o fazia, o avião da British Midlands passou mesmo por cima dele e preencheu completamente o para-brisas. Acho que nenhum dos passageiros se apercebeu do que aconteceu, mas eles quase colidiram”.

 O avião parou de funcionar no ar

“Enquanto pilotava um avião para passeios turísticos com três passageiros, deu-se uma falha num motor. Estávamos há cinco minutos no ar quando reparei que o tanque de combustível direito estava vazio. Como tinha verificado os tanques antes de descolar e como os indicadores são longe de serem confiáveis, suspeitei de uma falha no painel de instrumento e não de uma fuga de combustível. Ao largar a direção, confirmei que o avião voava corretamente. Mas como é melhor prevenir do que remediar, decidi equilibrar a mistura de ar e combustível para otimizar a economia de combustível (geralmente, a mistura tem um pouco mais de combustível do que o necessário para a combustão). Com um olho na temperatura do motor, comecei a reduzir a mistura quando de repente o motor parou, o avião ficou em completo silêncio e começou a planar. Inclinei pouco a parte da frente do avião para manter a altitude, apliquei a lista de emergência que sabia de cor e o avião voltou à vida. Depois descobrimos que dois magnetos de eletricidade tinham falhado”.

Todas as luzes do avião se desligaram

“Um amigo meu foi copiloto num voo comercial entre Toronto e Los Angeles e foi o voo mais assustador em que já estive. O voo foi muito sossegado até ao momento da descida às dez da noite. Eu estava a olhar pela janela e quando devíamos estar a 20 metros de chegar à pista todas as luzes começaram a piscar até que o avião ficou completamente às escuras. Logo a seguir, sentimos e ouvimos os motores a rugirem intensamente e voltámos a subir. Começámos aos círculos no ar completamente às escuras e toda a gente começou a ficar preocupada. Foi assim por 20 minutos até o piloto explicar que estavam a ter problemas técnicos e a discuti-los com os serviços de controlo de tráfego aéreo. Continuámos aos círculos por mais uma hora, até que fomos informados que iam tentar aterrar sem luz. As pessoas gritavam encostadas aos bancos. Quando começamos a ver as luzes da pista, ouvimos os motores e aterrámos na pista. Quando falei com o meu amigo copiloto ele explicou que tinham perdido a eletricidade, várias formas de comunicação e a informação de voo. Os pilotos tiveram de aterrar manualmente com quase nenhuma assistência ou ajuda”.