destaque

Nesta terceira jornada da Liga NOS, e ainda com dois bons jogos (Belenenses-Marítimo e União da Madeira-Vitória de Guimarães) por disputar, já se marcaram 22 golos. Numa jornada em que o Moreirense e a Académica jogaram “para o pontinho” contra o Benfica e o Sporting, respetivamente, dois clubes que mal atacaram, que defendiam com todos e que de tudo fizeram para se defender da derrota, é de se louvar os tantos golos que se marcaram nesta jornada.

O destaque, aqui, não vai tanto para a goleada (4-0) do Braga ao Boavista, mas vai, isso sim, para a “jogatana” que foi o encontro entre o Vitória de Setúbal e o Rio Ave, com o golo do empate dos vilacondenses a ser marcado já em cima do fim por André Vilas Boas.

O louvor a quem o futebol é de se louvar: Pedro Martins e Quim Machado. Martins trouxe para Vila do Conde o bom futebol e de ataque, sem temores nem tremores contra nada nem ninguém, que impôs no Marítimo. Quim, quando o seu Feirense andou pela Primeira Liga, mesmo quando não venceu — e nem sempre venceu, Quim Machado foi dispensado e o Feirense retornou à Segunda Liga –, convenceu. Um exemplo desse futebol positivo foi o jogo que fez na Luz, contra o Benfica, logo à segunda jornada. Perdeu, é verdade, por 3-1, mas o estreante Feirense deu uma valente dor de cabeça a um Benfica que tinha, na altura, Maxi Pereira, Garay, Javi García, Enzo, Aimar, Saviola ou Cardozo. Luisão e Gaitán são os resistentes desse jogo que ainda se mantêm na Luz. Ah, e foi Quim Machado quem ascendeu o Tondela à Primeira Liga em 2014/2015. Quando aos plantéis com valor se alia a vontade de triunfar, dá nisto. E quer o Rio Ave de Pedro Martins, quer o Vitória de Setúbal de Quim Machado, são disso bons exemplos.

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desilusão

José Viterbo e Rui Vitória. Rui Vitória, com pouco, fez muito em Guimarães. Apostou na miudagem, conseguiu convencer os fervorosos adeptos vimaranenses, e venceu uma Taça de Portugal ao Benfica de Jesus. Viterbo nunca havia treinado na Primeira Liga. E foi precisamente quando andava pelos distritais de Coimbra, na equipa “B” da Académica, que José Eduardo Simões, o presidente dos estudantes, o convenceu a conduzir, temporariamente e até que chegasse um novo treinador, o clube. Não foi temporário. Viterbo não tem a aparência de um Guardiola, nem o carisma de um Mourinho, mas faz lembrar um ídolo de Coimbra, Artur Jorge, o “Rei Artur”, e soube cativar rapidamente tudo e todos. Não só quem sofre pela Académica, desde a bancada, mas, sobretudo, os futebolistas que treina. José Viterbo pegou numa equipa em farrapos a meio da temporada, emocionalmente incapaz de reagir a tantas derrotas, incapaz de fazer dois passes seguidos e um golo que fosse. A herança de Paulo Sérgio era pesada, negra como capas e batinas que percorrem a cidade há séculos, mas Viterbo conseguiu, mesmo, mesmo sobre o gongo, salvar a Académica da descida.

O que é que Rui Vitória e José Viterbo têm em comum? Nem um nem outro convenceram ainda neste começo de época. E esperava-se mais de ambos. Talvez mais de Rui Vitória, por ser treinador do Benfica, talvez menos a Viterbo, já que a Académica é de “outro” campeonato.

Começando por Vitória, a pré-época foi de maus resultados. Mas como a pré-época não conta para o calendário, veio a Supertaça para o tira-teimas. E tiraram-se: Vitória não vence. Venceu o Estoril, de goleada, no arranque da Liga, mas os golos só vieram camuflar um jogo tremido e sem ideias. A derrota contra o Arouca, em Aveiro, não fez mais do que trazer ao de cima a ausência dessas ideias. Contra o Moreirense, na Luz, com o estádio cheio, contra um clube que mal ataca, que defende mal, o Benfica não deslumbrou, antes pelo contrário, e só nos derradeiros 15 minutos, com a qualidade Nico Gaitán e a faro de Jonas, resolveu o jogo. Saíram muitos titulares da temporada passada? Sim. Maxi Pereira e Lima, sobretudo – e há também Salvio, que não saiu, mas lesionou-se com gravidade. Mas saiu sobretudo Jesus, o treinador campeão, que já venceu Rui Vitória na Supertaça, e em quem os benfiquistas, que hoje lhe reconhecem muitos defeitos, reconheciam uma virtude: o Benfica dele jogava à bola quando queria. E ou de Vitória começa a jogar também (há qualidade para isso no plantel), ou os adeptos vão cansar-se de tanto “aí Jesus” para derrotar os Moreirenses e os Aroucas da vida — sem desprimor para com eles.

Quanto a Viterbo, com a experiência de João Real no centro da defesa, com a de Emídio Rafael na lateral esquerda e a de Fernando Alexandre no “miolo” do meio-campo, não se pode queixar de falta de quilómetros de Primeira Liga nas pernas. Com a qualidade de leitura de jogo e de passe de Leandro Silva no centro do relvado, com a classe da sempre promessa Rui Pedro logo adiante, com a força de Gonçalo Paciência e os bons pés de Rabiola na área, não se pode queixar de falta de sangue novo e com sangue na guelra. Exige-se mais a Viterbo. E exige-se já no próximo jogo, na visita ao Nacional da Madeira, na Choupana.

frase

“Segunda-feira acaba esta discussão permanente dos jogadores que entram e saem. O Gaitán está cá, está a trabalhar connosco, está a mostrar rendimento, está ligado ao jogo e à equipa. Isso é que me importa”. A declaração é de Rui Vitória no final do encontro contra o Moreirense. Mas em boa verdade o mercado não fecha (todo) esta segunda-feira à noite. Em Inglaterra prolonga-se por terça-feira, e na Rússia e na Turquia, que são mercados capazes de investir muitos, muitos milhões, só encerra daqui por algumas semanas. Gaitán tem um preço: 35 milhões de euros. Mas, por enquanto, só o Al Ahli, do Dubai, que já tirou Lima do Estádio da Luz, é que predispôs a pagar o que Luís Filipe Vieira pede. Nico não quis ir para as arábias. E Rui Vitória, que precisa dele como de pão para a boca, agradece. Agora é contar os minutos…

resultados

V. Setúbal 2-2 Rio Ave

FC Porto 2-0 Estoril

Benfica 3-2 Moreirense

Tondela 1-0 Nacional

Paços de Ferreira 1-1 Arouca

SC Braga 4-0 Boavista

Académica 1-3 Sporting

* Os jogos Belenenses-Marítimo (19h) e U. Madeira-V. Guimarães (21h) apenas se realizam esta segunda-feira.