“Uma bomba”. É assim que o jornal espanhol ABC, de centro-direita, classifica a saída da prisão do ex-primeiro-ministro português a poucas semanas das eleições legislativas. José Sócrates é notícia em Espanha, França, Bélgica ou no Brasil.

São, sobretudo, os jornais espanhóis a dar maior cobertura, com o El País, o ABC e a RTVE a escreverem sobre o facto de José Sócrates estar, agora, em prisão domiciliária com vigilância policial.

Sóbrio. É o adjetivo certo para descrever a forma como o El País trata o assunto, ao qual dá pouco destaque na sua página principal (homepage). No texto não existe qualquer menção às próximas eleições marcadas para o próximo dia 4 de outubro.

O mesmo não se pode dizer do ABC, publicação que descreve a campanha eleitoral que arranca no próximo dia 20 como “o setembro quente da política portuguesa”. O jornal interpreta a notícia como uma “bomba” que a partir de esta sexta-feira vai passar a dominar de “forma inevitável” a agenda noticiosa.

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Já a RTVE vai mais ao pormenor e chega a fazer uma descrição do momento em que Sócrates sai do carro, em Lisboa: “Sorridente, visivelmente mais magro e vestindo umas jeans e uma t-shirt, o ex-primeiro-ministro português chegou na noite de sexta-feira a Lisboa num veículo policial. Esperavam-no o seu advogado, João Araújo, e alguns jornalistas a quem não prestou qualquer declaração”. Ainda em solo espanhol, o tema não foge também ao La Razon.

No Globo, a representar a imprensa brasileira, é feita uma pequena nota à libertação de José Sócrates. Apesar do curto destaque, o jornal recorda que, por diversas vezes, a justiça portuguesa rejeitou “pedidos de libertação do ex-primeiro-ministro, de 57 anos”. Recorde-se que Sócrates completa 58 anos no próximo domingo, 6 de setembro.

O francês Le Figaro coloca em cima da mesa o facto de Sócrates se ter declarado inocente durante todo o processo e recorda mesmo a expressão “preso político”, recorrentemente utilizada pelo ex-governante nas muitas cartas que foi tornando públicas, a diferentes meios de comunicação, durante os nove meses em que esteve preso no estabelecimento prisional de Évora. O Le Monde faz referências semelhantes ao reportar o caso que está a dominar a agenda noticiosa, pelo menos em Portugal, esta sexta-feira.

Ainda na mesma língua, mas agora na Bélgica, é possível ler o seguinte no Le Libre: “Várias outras pessoas, incluindo o empresário Carlos Santos Silva e o ex-ministro Armando Vara, foram acusadas no contexto deste caso, o que atrapalha a oposição socialista à medida que se aproximam as eleições legislativas previstas para o dia 4 de outubro”.

E à hora que este artigo foi escrito, a Euro News tinha como notícia de última hora o facto de Sócrates ter saído da prisão de Évora nesta sexta-feira à noite. Praticamente todos os jornais consultados explicam os crimes pelos quais Sócrates poderá ser acusado: fraude fiscal qualificada, corrupção e branqueamento de capitais.